Bancos Centrais voltam a vender ouro após uma década

Preço elevado do metal pode auxiliar a diminuir os impactos econômicos da pandemia


Os Bancos Centrais retomaram a venda de ouro pela primeira vez desde 2010. Pandemia e crise econômica possibilitaram preços quase recordes do metal em alguns países, e sua exploração pode mitigar os prejuízos financeiros causados em 2020. 

As vendas líquidas totalizaram 12,1 toneladas de ouro no terceiro trimestre, em comparação com as compras de 141,9 toneladas no ano anterior, de acordo com relatório do Conselho Mundial do Ouro (WGC, na sigla em inglês para World Gold Council).

Segundo o levantamento, as vendas aconteceram principalmente no Uzbequistão e na Turquia. Respectivamente, as federações venderam 22,3 e 34,9 toneladas de ouro. Enquanto isso, o Banco Central da Rússia divulgou sua primeira venda trimestral em 13 anos.

Para Louise Street, analista-chefe do WGC, ouvida pela Bloomberg, o momento é favorável ao investimento no ouro. O preço do metal atingiu o recorde de US$ 2.075 a onça em agosto, e permanece estável nas últimas semanas, com a cotação em US$ 1.900. "Não é surpreendente que, nas circunstâncias atuais, os bancos recorram às suas reservas de ouro", afirmou Street. "Praticamente todas as vendas são feitas por bancos que compram de fontes domésticas aproveitando os preços elevados em um momento em que eles estão fiscalmente sobrecarregados."

Apesar disso, a demanda geral de ouro caiu 19% com relação ao ano anterior para o menor valor desde 2009 no último trimestre. A índia, uma das principais fornecedoras de joias, viu sua demanda diminuir pela metade. Na China, o padrão não foi diferente e o consumo também diminuiu.

A busca dos consumidores em queda pode ser explicada também com a pandemia, que minou recursos de pequenos empreendedores e trabalhadores tradicionais. Por outro lado, a procura dos investidores cresceu 21% - em especial, barras e moedas. Os dados do WGC foram retirados do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Metals Focus.

Alternativas para investidores

Com a pandemia, algumas das lógicas do mercado de investimento foram alteradas e o foco tornou-se outro. Para as pessoas com desejo de investir ainda em 2020, o ouro pode ser uma alternativa por conta do valor maior por onça. Contudo, também há outros lugares com a rentabilidade em alta, como o Bitcoin Cash.

Nas últimas semanas, a MicroStrategy, empresa de tecnologia, comprou US$ 425 milhões em Bitcoin. Em recente entrevista, o CEO, Michael Saylor, afirmou que manteria o investimento por 100 anos. "Se não for 100 vezes melhor do que o ouro, é um milhão de vezes melhor do que o ouro, e não há nada perto disso", disse.

Por conta da grande participação da empresa, especialistas esperam que o interesse na moeda suba e, consequentemente, seus rendimentos sejam maiores.