Servidor público ganha demais: mito ou verdade?

Carreira pública costuma atrair muitas pessoas, mas setor reflete desigualdades como em outras áreas no Brasil


Um dos projetos do atual governo federal prevê uma reforma que mude a maneira de contratar, remunerar e promover os servidores públicos.

Atualmente, é necessário prestar um concurso público para poder ingressar na carreira, uma forma de garantir que os trabalhadores da área não têm indicação política e nem o funcionalismo público possa ser usado como maneira de "arrecadar votos" nas eleições.

Outro fator muito discutido em relação à carreira de funcionário público diz respeito aos salários. Muitas pessoas acreditam que a carreira de funcionário público possui salários muito discrepantes ao que é visto no mercado privado. Porém será que isso é verdade ou mito?

Salários são desiguais dentro da carreira

Muitos candidatos aos concursos 2020 tiveram de adiar seu sonho de entrar para o funcionalismo público por conta da pandemia e das regras de distanciamento social. Um dos principais motivos pelo sucesso da carreira está relacionado aos benefícios, à estabilidade no emprego e aos salários.

Porém uma grande parte dos funcionários públicos recebe igual ou até mesmo menos do que o setor privado.

Enquanto há servidores, como acontece a alguns juízes e membros do Ministério Público, que recebem até mais de R$ 100 mil por mês, o que é considerado acima do teto constitucional, há uma realidade bem diferente para as demais carreiras.

Refletindo a própria realidade do Brasil, um dos países mais desiguais do mundo, o salário médio de servidores do Executivo é de aproximadamente R$ 3,9 mil, o que equivale a 65% do salário médio de um servidor do Legislativo, que chega a receber em média R$ 6 mil. Já o salário médio de servidores do Judiciário está em R$ 12 mil, o dobro do Legislativo.

Na esfera municipal, a desigualdade se mantém e com salários mais discretos. Servidores municipais têm um holerite médio de R$ 2,9 mil, ou seja, apenas 57% do salário de R$ 5 mil dos servidores estaduais. Já os servidores federais chegam a receber R$ 9,2 mil.

Desigualdade de gênero ainda acontece no serviço público

Há ainda desigualdade relacionada ao gênero do servidor, sendo que mulheres ainda recebem menos do que homens que ocupam o mesmo cargo. Ou seja, até mesmo em carreiras com concurso público ainda acontece de mulheres receberem salários menores.

Esses números levantam a questão de que é realmente necessária uma reforma no setor público, mas não aos moldes do que é proposto por Paulo Guedes, mas, sim, uma que vise diminuir as desigualdades, em que poucas pessoas ganham demais e a maioria está abaixo da média para as suas funções.