Rosana e Francielle abrem o jogo sobre o que acontece no futebol feminino brasileiro

As duas medalhistas olímpicas já largaram os gramados e hoje falam abertamente sobre os bastidores


Rosana, 36 anos, jogadora diversos títulos e feitos importantes já disputou quatro Olimpíadas, conquistou duas medalhas de prata, esteve em quatro Copas do Mundo e três Pan-Americanos. "Pelo que eu fiz por nosso país, acho que merecia um reconhecimento muito maior", diz a futebolista, que considera o Brasil um país ainda machista. O Pan do Rio em 2007 foi um misto de emoções. Além de sua maior felicidade, Rosana viveu ali uma grande decepção na carreira. A aposentadoria veio ao final da temporada passada, quando jogava pelo Santos.

Francielle, 29 anos, pensou que chegaria aos 30 ainda nos gramados, mas acabou parando antes. Ao longo da carreira colecionou uma lista de conquistas com a seleção brasileira, com prata nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. "Foi uma questão psicológica. Essa pressão de no futebol feminino sempre ter de procurar mais, mais e mais, e nem sempre ter o resultado esperado." A atleta não se sente ainda muito à vontade para falar sobre a CBF: "Espero mais, sempre, da CBF. Em todos os sentidos. Eles sempre podem dar mais pelo futebol feminino", disse em entrevista à Betway Esportes.

As duas ex-jogadoras da seleção fizeram parte de um protesto de 24 jogadoras contra a demissão de Emily Souza em 2017, e criticaram a volta de Vadão. "As ideias do Vadão são ultrapassadas. É a comissão técnica que mais teve tempo pra fazer o trabalho, e que menos fez", expressou Francielle. Depois desse episódio, . Rosana considera ainda que há falta de união e força entre as jogadoras: "Não adianta apenas 24 assinarem a carta. Todas precisam participar, senão não funciona. Deveríamos ter brigado mais."

Rosana e Francielle estiveram atentas a participação da seleção brasileira na Copa do Mundo de futebol feminino na França. O time brasileiro foi eliminado pelas anfitriãs nas oitavas de final. As ex-jogadoras aprovaram o momento que o Brasil vive no campo, com partidas sendo transmitidas em TV aberta, com cobertura da mídia e interesse da população.

Outro ponto debatido por elas é a respeito da camisa utilizada pela seleção feminina, o uniforme azul, com cinco estrelas que remetem às cinco Copas do Mundo, porém esta é uma conquista do time masculino. Não deve ser a mesma. Cada um com suas conquistas. Não precisa ter cinco estrelas no peito só pra falar que tem. Não são nossas!", diz Francielle. Rosana concorda e é otimista: "Tenho certeza que fazendo um trabalho de longo prazo, a gente também vai encher aquela camisa de estrelinha."

A aposentadoria é algo inevitável. Para Rosana e Francielle o momento chegou sem clima de despedida, sem cobertura dos veículos de comunicação, nenhum reconhecimento da Confederação Brasileira de Futebol, nem jogo de encerramento de carreira. Outras lendas como Formiga, Cristiane e Marta também se aproximam do momento de pendurar as chuteiras. Resta saber se com elas será diferente.