Picos de trânsito caem pelo terceiro ano seguido em São Paulo

Média de congestionamento caiu 21% no período da tarde e 19% de manhã em 2017


Em meio a diversos problemas burocráticos relacionados a licenciamento de veículos e parcelamento de IPVA, uma coisa a cidade de São Paulo pode comemorar: o trânsito sofreu sua terceira queda consecutiva. Em 2017, de acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a média dos congestionamentos no período da manhã era de 66 km, 15 a menos que em 2016 (81), uma redução de 19%

À tarde, a CET registrou números ainda melhores. Em 2016, a média de trânsito estava na casa dos 109 km. Em 2017, no entanto, esse número caiu para 86 km, uma redução de 21% nos índices de congestionamento. Se a comparação for feita com 2014, é possível observar que, na época, a cidade teve 30 km a mais de engarrafamento das 7h às 10h, e 55 km a mais das 17h às 20h, em média. Os dados foram compilados pela Folha de S.Paulo.

Em fevereiro de 2017, a empresa de GPS Tomtom fez um levantamento mais abrangente com 300 cidades, organizando-as em relação ao nível de congestionamento. A metodologia empregada foi verificar o aumento de tempo de viagem quando há trânsito e quando as ruas e avenidas estão livres. São Paulo ficou apenas na 71ª posição, com 30% de alta, mesma taxa de Toronto, no Canadá; Munique, na Alemanha; Barcelona, na Espanha; e Liverpool, na Inglaterra. Rio de Janeiro (8º colocado) e Salvador (28º) foram as cidades brasileiras campeãs no nível de trânsito.

Motivações

Essa melhora no trânsito se deve a diversos fatores. O principal deles tem a ver com a recessão econômica pela qual o país passou nos últimos anos – encarada por economistas como a pior de sua história. O alto nível de desemprego foi crucial para que as pessoas tivessem um motivo a menos para se deslocar na região metropolitana de São Paulo. De 2014 a dezembro de 2017, o desemprego subiu de 11% para 18% na região.

De acordo com dados de pesquisa de mobilidade feita em 2012 pelo Metrô de SP, 46% das viagens ocorrem por causa do trabalho. O segundo motivo pelo qual as pessoas saem de casa é por questões educacionais, com 32%.

Apesar de ainda não haver pesquisas conclusivas, outros fatores podem ter interferido na melhora do congestionamento. Em 2016, a gestão do prefeito Fernando Haddad argumentou que a melhora no congestionamento tinha a ver com algumas medidas implantadas, como a redução de velocidade, a ampliação de corredores exclusivos para os ônibus e a realização de obras viárias.

Em entrevista para a Folha, o atual presidente da CET, João Octaviano, vinculado à gestão do ex-prefeito e agora pré-candidato a governador de São Paulo João Doria (PSDB), disse que houve um trabalho de reorganização da Companhia de Engenharia de Tráfego, como aumento do efetivo da empresa, a recolocação das equipes em áreas críticas e a melhora no serviço de guincho, medidas que impactaram no trânsito.

As novas tecnologias e a possibilidade de se realizar compras, cursos e conferências à distância também podem ter impactado esses índices.