Durante coletiva realizada na tarde desta terça-feira (30/7), a ABIMAQ divulgou o desempenho do setor de bens de capital mecânicos referente ao primeiro semestre de 2019, em coletiva comandada por Mario Bernardini, assessor econômico da presidência da entidade.
A indústria brasileira de máquinas e equipamentos registrou retração nas suas atividades durante o mês de junho. Em relação ao mês anterior, a queda nas vendas foi de 6,1% e, em relação ao mesmo período do ano anterior (junho/2018) foi ainda maior, 12,1%. Esses resultados eliminaram boa parte da taxa de crescimento acumulada no ano pelo setor.
No ano, o crescimento acumulado caiu de 7,5% (até maio) para 3,6%. O desempenho de 2019 continua influenciado pelo mercado doméstico, que registrou crescimento de 10,2% no semestre. As vendas para o mercado externo registraram, pelo terceiro mês consecutivo, retração.
Curva de comportamento
A melhora no desempenho econômico nacional no último semestre de 2018 propiciou aumento da confiança do setor produtivo e estimulou o aumento dos investimentos naquele ano. Infelizmente, esse cenário mudou um pouco, e os dados recentes mostram relativa desaceleração das atividades econômica doméstica.
No mercado internacional há também um cenário de desaceleração. Esse cenário é evidenciado pela desaceleração das vendas de máquinas e equipamentos no mercado interno e externo.
Ainda que o semestre tenha encerrado com resultados acima dos observados em 2018, período cuja atividade foi influenciada negativamente pela paralização dos caminhoneiros, essa melhora vem claramente diminuindo.
Exportação
As exportações encolheram novamente no mês de junho de 2019 (-8,0%) quando comparado com o mês imediatamente anterior. Essa é a terceira queda mensal consecutiva neste tipo de análise. Na comparação interanual, também houve queda nas exportações: passaram de US$ 880 milhões em junho de 2018 para US$ 681 milhões em junho de 2019 (-22,5%).
A acentuada desaceleração do comércio internacional, em razão das tensões entre EUA e China, e a crise na Argentina, ajudam a explicar a queda das exportações de máquinas observada no primeiro semestre de 2019.
Importação
No mês de junho, as importações recuaram em relação ao mês de maio (-2,9%), mas cresceram 20,5% sobre o mesmo mês de 2018. Com isso, o desempenho acumulado no ano foi de crescimento de 9,1%.
No primeiro semestre de 2019, registrou-se aumento nas aquisições de máquinas e equipamentos importados por diversos setores da economia, mas há que se destacar o aumento de 25% na aquisição de componentes, bens utilizados, na sua maior parte, para reposição, passando a representar 31,5% do total das importações de máquinas do país.
Consumo Aparente
No mês de junho, o consumo de máquinas e equipamentos diminuiu em relação ao mês imediatamente anterior (-5,0%) influenciado pela redução tanto no consumo de máquinas nacionais (-2,4%) quanto de importadas (-2,9%).
Sobre o mês de junho de 2018, houve crescimento de 8,4% em função, principalmente, do aumento das importações de máquinas, mas também pela melhora de 1,3% na aquisição de bens produzidos no mercado local. No primeiro semestre 2019, o crescimento observado foi 11,6%, um pequeno recuou quando comparado com o resultado acumulado até o mês de maio (12,3%).
Emprego
A partir de 2018, o setor fabricante de máquinas e equipamentos iniciou o processo de ampliação do quadro de pessoal, encerrando o ano com pouco mais de 300 mil postos de trabalho. Um aumento de mais de 10 mil pessoas empregadas somente em 2018.
Em 2019, até o mês de maio, o setor registrou cinco meses consecutivos de aumento nas suas contratações, porém, em junho houve uma pequena redução (-0,4%), provavelmente como reflexo do desaquecimento das atividades do setor. Ainda assim, atualmente, o setor fabricante de máquinas e equipamentos conta com 307.526 pessoas ocupadas um aumento de quase 7.000 postos de trabalho no setor em relação ao ano de 2018.
"Estamos com 13 milhões de desempregados e quase 30 milhões de pessoas sem emprego ou subempregadas somadas. É um número grave. Entre os jovens, chega a 30%. A retomada do crescimento econômico é a prioridade deste país. Para que o investimento privado ocorra é necessário ajustar uma série de parâmetros, que levarão tempo. O Brasil precisa de uma retomada de crescimento em curto prazo", afirma Mario Bernardini.