A quarta-feira (4) foi de troca de experiências e debates sobre o feminismo no Colinas Shopping, em São José dos Campos (SP). O Teatro Colinas recebeu um bate-papo com a presença da diretora, apresentadora e atriz Marina Person, da jornalista e bailarina Fernanda Lensky e da pesquisadora Rita Palmeira. Na pauta, o feminismo sem caricaturas e clichês.
Esta é a terceira edição do Colinas Talks especial Mês da Mulher, que acontece sempre em março para debater questões femininas na sociedade. O evento já contou com nomes como a atriz Clarice Falcão e as escritoras Fernanda Young, Ruth Manus e Josélia Aguiar.
Durante as quase duas horas de reflexões e trocas de experiências, as convidadas arrancaram risos e olhares apreensivos de uma plateia, predominantemente composta por mulheres, que encheu o auditório.
Conduzidas pela pesquisadora Rita Palmeira, mediadora do debate, as convidadas iniciaram o talk falando sobre a pressão que o padrão do corpo feminino exerce no comportamento das mulheres. Para Marina, por exemplo, as "pazes" com seu próprio corpo chegaram só depois da casa dos 30 anos.
"Eu fui uma adolescente gordinha. Isso sempre foi um tabu para mim. Não saía de biquíni, sempre que ia à praia precisava usar uma tanga ou algo para me esconder. Fiz todas as dietas que vocês podem imaginar e, claro, nunca funcionaram. Tudo só melhorou quando eu aceitei que mudaria minha alimentação não por estética, mas por saúde", disse.
Já para Fernanda, as pressões pelo corpo perfeito ficaram ainda mais frequentes após a bailarina ter seu filho, Benjamin, aos 17 anos. A partir dali, ela percebeu que era preciso assumir o próprio corpo.
"Quando grávida, eu estava em uma sessão de depilação que foi muito desgastante por causa da gravidez. Resisti até chegar a, literalmente, desmaiar e ser socorrida pelas pessoas que estavam ali. Foi quando percebi o quanto estava sofrendo para atender padrões que eu nem queria", afirmou a bailarina que, atualmente, fez a opção por não se depilar.
Derrubando clichês
Durante o bate-papo, as participantes também abordaram os clichês que cercam as mulheres feministas. Rita, Marina e Fernanda apontaram que a antiga imagem da mulher brigona e mal-humorada não representa o movimento feminista e acaba afastando as pessoas do objetivo final: equidade de oportunidades e direitos.
"A minha geração se afastou um pouco do feminismo justamente por esta ideia da figura mal-humorada. Aí você começa a ver que a coisa não é bem assim. O fato é que as mulheres não estão ocupando espaço, ganham menos que os homens, precisam na maioria das vezes fazer jornada dupla e não recebem nada a mais por isso. Então, todas que se insurgem contra isso são feministas. E a forma de atuação varia, tem espaço para todo mundo", afirmou Marina.
Já para Fernanda, o desafio é encarar os "haters", que insistem em atacar suas postagens. De acordo com ela, as redes sociais trouxeram a chamada Primavera Feminista ao país, o que ajudou a derrubar os clichês do movimento.
"Eu acho que as pessoas que criticam de forma baixa e não trazem uma solução só fazem isso porque estão de certa forma protegidas pelo anonimato da internet. Fico feliz que a internet tenha ajudado a derrubar os padrões, mas ao mesmo tempo é preciso que essas ofensas não fiquem impunes", explicou a bailarina.
Representatividade
Para a gerente de marketing do Colinas Shopping, Margarete Sato, o evento é mais do que uma ação para lembrar o Dia da Mulher: é também um compromisso do shopping com valores de representatividade.
"Ficamos muito felizes por mais um ano abrir um espaço para mulheres incríveis e de muito destaque. Este é um evento de representatividade, importante para que as pessoas se inspirem, levem o debate para suas casas, em seu cotidiano", disse.