Confira seis curiosidades sobre a Black Friday

Presidente estadunidense teve influência direta na criação do dia que se tornou sinônimo de gastar dinheiro


A Black Friday, celebrada um dia depois do Thanksgiving (Dia de Ação de Graças), nos Estados Unidos, é uma data-chave de comemoração nos Estados Unidos. No entanto, a sexta-feira adquiriu outro significado mundialmente: as compras.

As lojas físicas e o e-commerce se enchem de ofertas e promoções especiais para a data e muita gente aproveita para fazer compras já pensando no Natal. No Brasil, a expectativa para esse ano é de crescimento de 15% nas vendas, neste dia 23.

A Black Friday brasileira, que começou em 2011, parece ter conquistado a confiança do consumidor do país: segundo dados do site E-Commerce News, 67% das pessoas estavam esperando pela edição do ano passado para comprar algo.

A seguir, contamos algumas curiosidades sobre a data tão esperada de novembro:

O nome

O adjetivo "black" ("negro") foi usado durante muitos séculos para retratar diversos tipos de calamidade, como conta o linguista estadunidense Benjamin Zimmer no site Vocabulary.com, onde ele é editor-executivo.

Mas, o conceito atual do termo é diferente: nos Estados Unidos, a primeira vez que se usou a expressão "Black Friday" foi no dia 24 de setembro de 1869, quando dois financistas, Jay Gould e James Fisk, tentaram tomar o mercado de ouro da Bolsa de Valores de Nova York.

Quando o governo foi obrigado a intervir para corrigir a distorção do aumento da oferta da matéria-prima no mercado, iniciou-se uma crise: os preços caíram e muitos investidores perderam fortunas. Então, a data ficou conhecida como sexta-feira negra -- o que mudaria anos depois para o atual significado.

A data

Desde meados do século XIX até o início do XX, o dia da Ação de Graças aconteceu nos Estados Unidos na última quinta-feira de novembro, um costume iniciado pelo presidente Abraham Lincoln (1809-1865). No entanto, em 1939 ocorreu algo incomum: a última quinta-feira coincidiu com o dia 30 de novembro.

Os comerciantes, preocupados com o curto período de compras que sobrava entre a data e as festas de Natal e de Réveillon, solicitaram ao presidente Franklin Roosevelt para que ele declarasse o início das festas de Ação de Graças um dia antes -- e foram atendidos.

Nos três anos seguintes, o Dia de Ação de Graças, que recebeu o apelido de "Franksgiving" (uma mistura de Thanksgiving e Franklin) foi celebrado em dias distintos nos estados do país. Até que, em 1941, uma resolução conjunta do Congresso norte-americano resolveu o problema: dali em diante, a Ação de Graças seria comemorada na quarta quinta-feira de novembro, garantindo uma semana adicional de compras até o Natal.

Síndrome da Ação de Graças

Em 1951, um panfleto circulou pelas cidades dos EUA chamando a atenção sobre a pouca quantidade de trabalhadores que iam folgar no dia seguinte ao dia de Ação de Graças. Segundo a professora Bonnie Taylor-Blake, da Universidade da Carolina do Norte (EUA), a associação Factory Management and Maintenance assumiu a autoria do artigo, que se intitulava "Síndrome da sexta-feira depois da Ação de Graças".

Segundo o texto a síndrome era uma "doença cujos efeitos adversos só são superados pelos da peste bubônica. Assim é que se sentem aqueles trabalhadores que precisam ir para seus empregos quando chega a 'sexta-feira negra'", dizia.

O "boom" de popularidade

O termo "Black Friday" permaneceu limitado à Filadélfia, nos Estados Unidos, por um longo período. Segundo Zimmer, a expressão aparecia de vez em quando em outras cidades, como Trenton e Nova Jersey, mas não saiu das fronteiras da Filadélfia até os anos 1980. Hoje considerado o maior dia de compras do ano nos EUA, na Europa, na China e no Brasil, a data não tinha reputação até o ano 2000.

A pouca fama era devido ao fato de que poucos norte-americanos costumavam se convencer a ir às lojas comprar os produtos mais baratos. Como muitas denúncias posteriores, elas achavam que os preços aumentavam meses antes para cair ao nível normal na última sexta-feira de novembro. Em alguns casos, o mercado percebia que o movimento de consumidores crescia no sábado seguinte ao Dia de Ação de Graças, e não na sexta.

Influência em outros países

Por muito tempo, os comerciantes canadenses invejaram seus vizinhos estadunidenses -- ainda mais quando os consumidores do país cruzavam a fronteira para comprar os produtos dos EUA. Assim, o Canadá logo criou o costume de baixar muito os preços dos produtos na sexta-feira final de novembro -- ainda que a Ação de Graças do país seja em setembro.

No México, a Black Friday recebeu outro nome: "El Buen Fin", associada ao aniversário da Revolução Mexicana, em 20 de novembro de 1910. Como indica o nome, a maratona de compras mexicana dura o fim de semana inteiro. A data no país ficou conhecida por oferecer todos os tipos de produtos: de celular à máquina de solda, de televisão a parachoque de carro, de fogão a materiais de construção. Nos últimos anos, países como Espanha, Argentina, Peru e Bolívia também entraram na febre da Black Friday ou da Cyber Monday, que acontece na segunda-feira seguinte a este fim de semana.

Nos últimos anos, o calendário de promoções sofreu algumas mudanças: em 2011, por exemplo, a gigante do varejo estadunidense Wal-Mart rompeu a tradição da espera até a sexta-feira e abriu suas portas com ofertas de até 80% na noite do dia de Ação de Graças, na quinta. A prática começou a se expandir pelo mundo e o dia adicional passou a ser conhecido como "quinta-feira cinza".

A maior Black Friday do mundo

Na China, a Black Friday está associada a outra data comemorativa: o Dia dos Solteiros, comemorado no dia 11 de novembro. A gigante do e-commerce Alibaba tornou o dia um grande evento -- em 2017, recebeu shows do cantor estadunidense Pharrell e da atriz hollywoodiana Nicole Kidman. A grande estrela, no entanto, é sempre o presidente da empresa, Jack Ma.

No ano passado, para se ter uma ideia, foram gastos US$ 38 bilhões (R$ 143,4 bilhões) na sexta-feira chinesa, quebrando o recorde mundial de vendas em um mesmo dia. Só a Alibaba conseguiu movimentar cerca de US$ 25 milhões (R$ 94,4 milhões). A consultoria Adobe Analytics revela que, em 2017, as vendas da data norte-americana excederam a quantia de US$ 3,54 bilhões -- um valor sete vezes menor do que o registrado na data chinesa.