Há poucos anos, seria incomum sequer pensar nessa nova forma de consumir conteúdos como filmes e séries. Os serviços de streaming vêm mudando a maneira como as pessoas estão consumindo o entretenimento.
Para algumas pessoas, assistir a um filme diretamente em seu notebook pode ser muito mais sustentável do que ir até um cinema - pensando no gasto que isso pode gerar de combustível ou outros produtos que são consumidos no caminho.
Porém, um estudo do Greenpeace mostra que isso nem sempre é verdade.
O uso elevado da energia elétrica em residências exige uma demanda de produção maior de energia. É necessária uma grande quantidade de eletricidade para manter os dados fluindo da nuvem, e o número crescente de serviços digitais faz que isso aumente a cada ano.
Uma grande parte da energia consumida no mundo é feita através de meios que liberam carbono na atmosfera, piorando os efeitos do aquecimento global.
No Brasil, uma grande parte dessa energia é produzida a partir de fontes relativamente limpas, como as usinas hidrelétricas - no entanto, até mesmo nesses casos há um grande impacto ambiental. Basta lembrarmos da construção da usina de Belomonte, que causou uma grande mudança na vida das pessoas que viviam por ali, além de mudar toda a fauna e a flora da região. Ou seja, o aumento pela demanda por mais energia causa também prejuízos sociais e ambientais.
Estudiosos apontam que o setor de Tecnologia da Informação, que inclui desde a alimentação de servidores da internet até a carga de smartphones, tablets e notebooks, tem o mesmo impacto ambiental que as emissões de carbono da indústria da aviação. A estimativa, segundo a Huawei Technologies, é que o setor de TI consuma até 20% da eletricidade mundial em 2030.
Com cada vez mais pessoas usando os serviços de streaming, tanto para músicas, quanto para produções audiovisuais, há também um aumento do tráfego de internet no mundo, demandando mais energia.
Entretenimento não sustentável
Ver vídeos pela internet equivale a manter duas ou três lâmpadas incandescentes ligadas, de acordo com pesquisadores do departamento de ciência da computação da Universidade de Bristol. Afinal, além da força utilizada pelos dispositivos, há também a energia consumida pelas redes que são distribuidoras desses conteúdos.
Esses servidores, além da energia elétrica que os mantêm funcionando, precisam de um grande cuidado com a refrigeração destes espaços, evitando que eles superaqueçam e tenham uma pane técnica.
Um projeto financiado pela Comissão Europeia, conhecido como projeto Eureca, descobriu que os datacenters localizados na União Europeia tiveram um aumento de 25% no consumo de energia em 2017, em comparação com o ano de 2014.
Só a música Despacito, com seus mais de 5 bilhões de downloads e números de streaming, consumiu a mesma energia de Guiné-Bissau, Chade, Somália, República Centro-Africana e Serra Leoa juntos no período de um ano.
O Facebook possui hoje 2 bilhões de usuários, enquanto a Netflix possui aproximadamente 140 milhões de assinantes. Esses números comprovam o sucesso dos empreendimentos, mas são dados preocupantes para os ambientalistas.
Os datacenters usados por Facebook, YouTube e Netflix podem consumir até 1% da eletricidade mundial, um número que ainda deve crescer nos próximos anos. Além disso, eles representam cerca de 0,3% das emissões de CO2 em todo o mundo.
Como evitar
É necessário que sejam instituídas novas regras para as construções e o funcionamento desses datacenters. Primeiramente, é necessário que todos sejam alimentados por energia renovável, o que já poderia minimizar bastante as emissões de CO2.
Na esfera individual, também é possível tomar algumas atitudes que mudam o seu consumo de energia.
Inicialmente, fique atento ao consumo de energia dos seus dispositivos, que pode variar de acordo com o modelo. Além disso, você pode privilegiar o uso de telefones celulares, pois eles consomem menos energia do que uma TV ou notebook. Porém, é necessário que eles estejam conectados preferencialmente no wi-fi, pois isso ajuda a consumir menos energia do que a rede de dados móveis.