No Vale do Paraíba, antiga fábrica de papel vira moderno projeto agroflorestal

Elevar a produtividade, integrando-as a modernos sistemas produtivos


Patrick Assumpção, agricultor e investidor do sistemas agroflorestaisPatrick Assumpção, agricultor e investidor do sistemas agroflorestais (Foto : Divulgação)
O agricultor Patrick Assumpção investe há mais de 10 anos em sistemas agroflorestais e plantio de árvores de espécies nativas para ressignificar a fazenda do avô, em Pindamonhangaba.

Na primeira metade do século XX, ela chegou a ser praticamente uma cidade, com mais de quatro mil trabalhadores e uma ambiciosa infraestrutura urbana, com cinema, teatro, farmácia e até uma moeda própria que circulava internamente. Hoje, ela é modelo para que Patrick ajude a disseminar a técnica de agroflorestal para mais de 200 produtores rurais.

Juntos eles esperam criar um polo florestal e reflorestar 40 mil hectares no Vale do Paraíba.

Essa é a história do quinto episódio da websérie As Caras da Restauração, do WRI Brasil, que estará disponível a partir desta quarta-feira, 11 de novembro.



Hoje principal atividade da fazenda de Patrick é o plantio de árvores nativas para obtenção de madeira, utilizadas na construção civil ou na construção de embarcações, entre diversas outras aplicações.

O processo de transformação começou em em 2008 com o plantio da primeira floresta de guarandi em área de várzea.

Como essa espécie demora 20 anos até estar pronta para o corte, Patrick intercalou culturas de ciclo curto e médio.

Pesquisando, ele encontrou dezenas de variedades de feijões, inúmeras variedades de mandioca, frutas nativas, milho.

Desta forma, ele estruturou fontes de rendimento em diferentes etapas.

No curto prazo, ele conta com a venda semanal de milho e de 70 a 80 quilos de mandioca para restaurantes.

A história de Patrick é o quinto e último episódio da webserie As Caras da Restauração, uma iniciativa do WRI Brasil para mostrar como pequenos e médios produtores estão ganhando dinheiro plantando floresta Brasil afora.

Os episódios mostram diferentes realidades - da Amazônia ao Vale do Paraíba, passando pela Bahia e pelo Espírito Santo.

A maior concentração de histórias na região da Mata Atlântica deriva do maior grau de fragmentação e degradação desse bioma.

Os personagens mostram o potencial de recuperação de áreas antropizadas, que tem infraestrutura de transportes e outros benefícios importantes para o agronegócio, mas que concentram boa parte dos 130 milhões de pastagens atualmente degradadas no Brasil.

Elevar a produtividade dessas áreas, integrando-as a modernos sistemas produtivos como a integração pecuária-floresta, lavoura-floresta ou lavoura-pecuária-floresta não só reduz a pressão por novas áreas de cultivo como pode elevar os indicadores econômicos e sociais de boa parte do país.

"São histórias e rostos que humanizam uma agenda de reconstrução de nossa economia e contribuem para o compromisso do Brasil de restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas e áreas degradadas até 2030", afirma Miguel Calmon, diretor de Florestas do WRI Brasil. "Essa meta só pode ser alcançada por meio de uma diversidade de soluções, projetos, escalas e características locais - e é exatamente isso que estamos mostrando: os rostos e as histórias de quem está fazendo, bem como os caminhos possíveis", destaca.

A série antecipa a Década da Restauração, que a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou para o período entre 2021 a 2030. Para o WRI Brasil, a restauração florestal deve ser reconhecida como uma oportunidade com potencial de geração de benefícios econômicos, sociais e ambientais.

A recuperação de milhares de hectares de terras hoje degradadas pelo plantio de espécies arbóreas nativas de valor econômico e pela utilização de sistemas agroflorestais, cria empregos e boa produtividade nas comunidades agrícolas, além de contribuir para a segurança alimentar e hídrica.

As histórias da família Soares, de Bruno Mariani, Silvany Lima, Patrick Assumpção e do casal Emerson e Viviane ajudam a ilustrar como os diferentes níveis de governo, o setor privado e os tomadores de decisão dentro do setor agrícola podem se engajar nesse movimento.

As fontes do WRI Brasil, como o especialista Miguel Calmon, o economista Rafael Barbieri e a coordenadora do estudo sobre economia verde, Carolina Genin, estão à disposição para entrevistas.