Sabesp alerta sobre lixo e ligações irregulares nas redes de esgotos do Litoral Norte

Projetados para receber apenas esgoto, os sistemas da Companhia acabam sobrecarregados com grande quantidade de água de chuva e resíduos sólidos


Todos os anos na temporada de verão as cidades do litoral norte sofrem com o grande volume de chuvas que atinge a região, causando transtornos não somente para turistas e moradores que sofrem com os alagamentos. No entanto, para a Sabesp, um dos fatores que mais acarretam problemas são as ligações irregulares de água de chuva nas redes de esgoto.

De acordo com a Sabesp, os sistemas de esgotamento sanitário acabam afetados pelo grande volume de resíduos sólidos e águas pluviais - fruto de ligações irregulares, que chegam até suas redes coletoras, provocando inclusive obstruções. Com as fortes chuvas, é constante a sobrecarga nas redes de esgotos, que é projetada e dimensionada para receber exclusivamente esgoto doméstico, composto por 99% de resíduos líquidos e 1% de sólido, ou seja, água de banho, de lavagem roupas e utensílios domésticos, urina e fezes.

Muitos imóveis acabam conectando calhas e ralos na rede de esgotos, prática esta proibida por lei pelo decreto estadual nº 8468 - 8/09/1976, inclusive passível de multa. Dessa forma, quando chove, todo o volume de água que deveria chegar à galeria de águas pluviais, e posteriormente aos córregos e rios, vai diretamente para as tubulações da Companhia.

De acordo com a Sabesp, essa carga excedente descaracteriza o efluente doméstico, diluindo esse esgoto até então bruto (tal como sai dos imóveis), que após os temporais acaba muitas vezes extravasando nos poços de visita com aspecto/coloração semelhante à água (diferente do esgoto doméstico, caracterizado pela cor escura).

Outro fator importante está relacionado às dimensões da rede de esgoto, que possui diâmetro menor (e com escoamento mais lento) se comparada à tubulação de drenagem urbana. Um grande volume de água de chuva acaba levando areia, terra e lixo para o sistema da Sabesp, provocando entupimento/vazamentos.

Outro problema de grande incidência está relacionado ao mau uso das redes, com o descarte de lixo por meio do vaso sanitários e ralos de pias. Entre os resíduos mais comuns, que vão parar diretamente nas redes coletoras estão absorventes, fraldas, cotonetes, preservativos, fio dental, remédios vencidos, fios de cabelo, bitucas de cigarros, restos de comida e até mesmo óleo vegetal - 1 litro tem a capacidade de poluir 25 mil litros de água.

Para entender o transtorno, bastaria pensar na tubulação de esgoto como uma artéria do corpo humano, passível de entupimento e comprometimento do sistema de circulação pelo excesso de gordura no sangue.

A ligação de águas pluviais na rede e o seu mau uso com o descarte de resíduos sólidos, provoca consequentemente a obstrução das tubulações/artérias fazendo com que o esgoto doméstico, diluído e descaracterizado pelo excesso de água de chuva transborde pelos poços de visitas ou retorne para os imóveis pelos ralos de pias e banheiros.

Uma vez que a atribuição da Sabesp é especificamente coletar e tratar esgotos domésticos, cabe ao município fiscalizar, identificar e autuar conexões clandestinas.