Mesmo que o distanciamento social imposto pela pandemia do coronavirus esteja, gradativamente, diminuindo, alguns hábitos adquiridos no período de isolamento se mantêm. Não apenas trabalhar e estudar online se tornou uma rotina regular para grande parte da população, mas os pagamentos digitais e as compras online de produtos e serviços também se tornaram frequentes.
Segundo um levantamento da Ebit/Nielsen, apenas no primeiro semestre deste ano, o faturamento das vendas na internet cresceu 47%, em comparação com o mesmo período de 2019. É a maior alta do setor em 20 anos. As vendas chegaram a R$ 38,8 bilhões entre janeiro e junho de 2020, contra R$ 26,4 bilhões dos mesmos meses de 2019.
O setor de classificados também contribuiu para esse crescimento do comércio online. Um exemplo é o site global de anúncios VivaLocal. Há 14 anos no mercado, o site está presente em 15 países, com 14 milhões de usuários espalhados pelo mundo. Diariamente são adicionados cerca de 10 mil anúncios na plataforma.
A alta reflete a busca dos consumidores por compras na internet durante a pandemia: 7,3 milhões de brasileiros compraram pela primeira vez no e-commerce. A pesquisa indica ainda que 41 milhões de pessoas são consumidoras ativas do comércio eletrônico no país. Destas, 58% compraram pelo menos quatro vezes ao longo do semestre e 20% realizaram mais de dez pedidos no período.
A quarentena impulsionou o comércio de essenciais, mas o crescimento aconteceu de forma abrangente. "Alimentação & Bebidas" liderou, seguida por "Pets", "Presentes", "Casa & Decoração", "Brinquedos" e "Roupas". Não só os segmentos mais tradicionais registraram aumento significativo de vendas, mas também outras novas categorias ganharam espaço, como "Produtos Eróticos". Entre todos os setores analisados, o único que registrou diminuição no número de pedidos foi Viagens.
O destaque regional das vendas do e-commerce, de janeiro a junho de 2020, da pesquisa Nielsen ficou por conta das regiões Norte e Nordeste, que contribuem com mais de um terço do crescimento do semestre, principalmente no segundo trimestre do ano, período de maior restrição de circulação nas cidades brasileiras.
O estudo "E-commerce na Pandemia", realizado pela plataforma Nuvem shop e apresentado no evento Potencialize E-commerce, fez um recorte regional do crescimento do e-commerce no Brasil durante o semestre e detectou números importantes. As vendas online cresceram nos 27 estados brasileiros, porém 17 deles viram suas vendas crescerem acima da média nacional, e 13 deles estão nas regiões Norte e Nordeste. O Acre lidera a lista, seguido por Rio Grande do Norte, Rondônia, Sergipe e Alagoas. No Sudeste, Espírito Santo teve o maior aumento, seguido por Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Previsão faturamento
O e-commerce no Brasil tem apresentado um aumento constante ao longo dos anos. A pandemia do Covid-19 acelerou essa tendência. Em 2020, o comércio eletrônico no país deve registrar um faturamento de R$ 111 bilhões, segundo estudo realizado pela Kearney sobre os impactos da pandemia no comportamento do consumidor brasileiro. Isso representa um aumento de 49% em relação a 2019, quando o mercado faturou R$ 75 bilhões.
Quando considerada a projeção para o período de 2020 a 2024, a análise indica que os novos hábitos de consumo podem trazer aproximadamente R$ 69 bilhões em vendas adicionais ao e-commerce no país, na comparação com projeções anteriores à pandemia.
Com isso, o mercado deve crescer a uma taxa de 17,3% ao ano no período, chegando a aproximadamente R$ 211 bilhões em 2024, novamente considerando o cenário macroeconômico base, segundo o estudo. No cenário otimista, o crescimento médio anual é de 20,7%, com vendas ultrapassando a marca dos R$ 250 bilhões.
O estudo revela ainda que as categorias de Alimentação, Cuidados com Pets e Beleza & Cuidados Pessoais serão aquelas com maior crescimento percentual: vendas 320% maiores em 2024, ante 2019, ganhando R$ 15 bilhões de mercado no período para o cenário base.
Em números absolutos, o maior crescimento deve ser registrado na categoria de eletrônicos, com adição de R$ 22 bilhões de vendas em relação ao nível registrado em 2019.