Dia da Consciência Negra destaca a luta contra o racismo e a valorização da cultura afro-brasileira
A oficialização do feriado nacional amplia o alcance do debate sobre a desigualdade racial no Brasil, dando respaldo a políticas educacionais e sociais voltadas para a promoção da igualdade.
O Dia da Consciência Negra, celebrado hoje (20), ganhou em 2023 um reconhecimento histórico: foi oficializado como feriado nacional. Até o ano anterior, a data era feriado apenas em seis estados e cerca de 1,2 mil municípios. Essa mudança, instituída pela Lei 14.759, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 21 de dezembro de 2022, representa um marco na valorização da história e da cultura afro-brasileira.
O feriado não é apenas um dia de descanso, mas um convite à reflexão sobre a luta contra o racismo e o reconhecimento das contribuições africanas na formação da sociedade brasileira. "A data é um símbolo de luta, resistência e orgulho. É o momento de honrar a história dos negros no Brasil e reforçar a necessidade de combater as desigualdades raciais", destaca Edson Violim, professor de História do Centro Universitário de Brasília (CEUB).
Impacto na sociedade
A oficialização do feriado nacional amplia o alcance do debate sobre a desigualdade racial no Brasil, dando respaldo a políticas educacionais e sociais voltadas para a promoção da igualdade. No campo educacional, a medida facilita a inclusão de temas raciais nos currículos escolares, enquanto no âmbito social legitima ações de combate ao racismo e à intolerância religiosa, além de promover a diversidade e a representatividade.
"Negar o racismo no Brasil é tapar o sol com a peneira. Ele existe, sim, e precisamos combatê-lo. Estudos mostram que, de cada cinco brasileiros que se consideram brancos, três possuem ancestralidade africana ou indígena", explica Violim.
Ele também ressalta a importância de proteger e valorizar as religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé, frequentemente alvos de intolerância religiosa. "Casos de ataques a terreiros são inacreditáveis no século 21, e muitas vezes as autoridades ignoram ou minimizam essas situações", alerta o professor.
Origem da data
O Dia da Consciência Negra foi instituído em homenagem a Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência negra contra a escravidão no período colonial. A data foi oficializada em 2011 como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, mas apenas em 2023 foi elevada ao status de feriado nacional.
Zumbi representa a luta por liberdade e justiça, valores que ecoam na celebração da Consciência Negra. "É preciso reconhecer que muitos aspectos da nossa cultura, como a hospitalidade e o senso de fartura, têm origem africana, e não europeia", aponta Violim.
Um passo para o futuro
A oficialização do feriado é mais do que um reconhecimento histórico: é uma oportunidade para construir um futuro mais inclusivo. "A Consciência Negra deve ser celebrada todos os dias. O feriado é um momento de reflexão, mas a luta por igualdade e justiça é contínua", conclui o professor.
A data reforça a urgência de políticas que promovam a equidade e a valorização da diversidade, consolidando a importância da cultura afro-brasileira na identidade nacional.