Fortaleza de Itaipu: a fortaleza militar escondida na Praia Grande

Com bela vista para a cidade e um museu a céu aberto, fortificação ajuda a contar história recente do estado de São Paulo


Quando um corretor de imóveis coloca um apartamento à venda na Praia Grande (SP), cidade a 77 km de São Paulo, no litoral Sul do estado, já sabe que quase a totalidade dos interessados será de paulistanos que querem ter uma casa na praia para as férias e os feriados. Na capital, o município é famoso principalmente por ser o destino de verão de muita gente.

A cidade litorânea, no entanto, possui outras atrações turísticas escondidas: uma delas é a Fortaleza de Itaipu, no bairro de Canto do Forte. Construído em 1902 para controlar a circulação de barcos na barra de São Vicente, que dá acesso ao porto de Santos, ela foi especialmente importante durante a Segunda Guerra Mundial, quando encabeçou a vigilância da marinha brasileira no Sudeste do país.

A fortificação é, na verdade, constituída por três fortes -- Jurubatuba, Rego Barros e Duque de Caxias --, em um bairro afastado do centro de Praia Grande, e marcou o início de Praia Grande como cidade, no começo dos anos 1900. Em 2004, ela entrou no chamado Circuito dos Fortes, na Baixada Santista, uma coleção de instalações que fizeram parte de vários episódios da história do País, como a Revolução Paulista de 1932, quando a guarnição do forte de Praia Grande alinhou-se ao lado dos revolucionários que lutavam contra o governo do então presidente Getúlio Vargas.

Bombardeado por uma esquadrilha de hidroaviões governistas, a guarnição substituiu estrategicamente os canhões por réplicas de madeira pintada, embarcando a verdadeira artilharia e munição no "Fantasma da Morte", um trem adaptado pelos revolucionários, utilizado na linha de combate. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi iniciada a construção do terceiro forte, o General Rego Barros, que previa uma construção escavada no solo, formada por um túnel, elevadores, posição da peça de artilharia de 280 milímetros de calibre e posto de observação.

As obras de alvenaria foram praticamente concluídas, mas o fim do conflito evitou que os canhões fossem instalados. O General Rego Barros foi o último forte construído no Brasil destinado à defesa da costa. A fortificação subterrânea tem o formato da letra U, o que dá a sensação de labirinto. Em 1959, a fortaleza teve um de seus oficiais mais ilustres: Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, que foi o soldado número 201 da guarnição.

Hoje, mais de um século depois de sua construção, a fortaleza passou a ser um museu militar (ela ainda abriga um grupo de artilharia antiaérea do Exército) que, além das peças em exposição, que ficam a céu aberto, oferece uma bela vista da Baía de Santos e dá acesso às trilhas da Mata Atlântica ao redor. Os passeios possuem horas específicas e são guiados - os ingressos custam R$ 5.

O acesso ao forte Duque de Caxias é feito de carro -- um guia em uma moto leva os motoristas pelo caminho. O passeio cruza a vila dos militares, um templo ao ar livre que homenageia a padroeira da Fortaleza, Santa Bárbara, alguns armamentos expostos pelo gramado. Subindo por uma estrada, a primeira parada do passeio é nas antigas instalações do forte, onde há um refeitório e uma prisão. Há também um mirante com uma bela vista das praias e da cidade.

A última parada do passeio é na Praça dos Canhões que, como o próprio nome diz, abriga as armas desativadas há mais de 50 anos e que eram utilizados para proteger o forte e o município. Os visitantes podem até subir nos canhões, entrar nos locais onde eram armazenados as munições e ter uma visão deslumbrante da Ilha de São Vicente, de Santos e de Praia Grande.