Morar na Paulista pode ser comparado a andar junto a um aspirador de pó o tempo todo

Pesquisa analisou o quadrilátero das avenidas Paulista, Brasil, 23 de Maio e Nove de Julho


Nada contra o aspirador de pó: ele é um aparelho doméstico muito útil para limpeza e organização da casa. Mas o que se pode concordar é que aquele barulho incomoda, sobretudo quando o equipamento fica ligado durante um longo tempo. Agora, imagine viver quase 24 horas por dia imerso no barulho de eletrodomésticos ruidosos como o aspirador de pó. É um tormento muito grande. Uma pesquisa feita pela ProAcústica para medir o barulho provocado pelo tráfego urbano chegou a conclusões preocupantes.

 

Para moradores da região da Paulista, na cidade de São Paulo, o barulho de veículos automotores pode ser comparado a ficar exposto a um aspirador de pó durante todo o dia. O mapa desenvolvido pela empresa investigou o quadrilátero das avenidas Paulista, Brasil, 23 de Maio e Nove de Julho. Ele foi divulgado no ano passado como forma de conscientizar a população no Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído. Também foi doado para a Prefeitura de São Paulo, para o desenvolvimento de práticas em prol da melhora de qualidade de vida dos cidadãos.

 

Durante o dia, foi detectado um ruído em torno de 70 dB (decibéis) na região da Paulista na altura da Brigadeiro Luiz Antônio e da praça Oswaldo Cruz. Isso equivale ao barulho emitido pelo aspirador de pó. À noite, o ruído tem uma leve queda e chega à média de 60 dB, o equivalente a uma máquina de lavar louças ou de costura. Na Avenida 23 de maio, os números chegam a 75 dB (barulho de um despertador). Agora imagine viver exposto durante boa parte do dia a esses sons excessivamente altos.

 

Para se ter uma ideia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o nível de ruído recomendado é de até 50 dB. O intuito do levantamento foi instigar a administração municipal a desenvolver novas práticas, como troca de pavimento, proibição de veículos pesados e incentivos a outros modais de transporte, como bicicletas.

 

"Além do combate ao ruído excessivo, o mapeamento serve também para identificar as áreas silenciosas e, assim, poder mantê-las longe das áreas mais ruidosas. Evitar, por exemplo, a construção de indústrias. É uma ferramenta muito poderosa de gerenciamento de poluição sonora", disse Marcos Holtz, vice-presidente de atividades técnicas da ProAcústica na época, em entrevista para o jornal Folha de S.Paulo.

Além de ser incômoda aos cidadãos, a poluição sonora ultrapassa as questões estéticas e de conforto. Ela pode provocar diversos problemas de saúde, como insônia e estresse. Por esse motivo, é considerada um problema de saúde pública pelos gestores públicos. As metrópoles sofrem com esse problema diariamente, devido ao grande número de veículos, indústrias e outras atividades.

 

A poluição sonora também é apontada como o segundo maior agente poluidor ambiental. O tráfego urbano é o mais frequente entre os tipos de poluição sonora, representando 90% do total. O mapa feito pela ProAcústica também pretende incluir ruídos ferroviários, aeroviários e industriais. Barulhos de bares e baladas não entram na conta por serem de outra natureza, embora também sejam importantes para a melhoria de qualidade de vida da população. Segundo uma lei promulgada em 2016, até 2023 a prefeitura de São Paulo precisa concluir um mapa de ruído que englobe toda a cidade.