No currículo, canções que marcaram histórias e épocas: "Um Minuto Para o Fim do Mundo", "Dias Atrás", "Tarde de Outubro", "Sonhos e Planos", "Desconfio", "Vida ou Morte" e tantas outras. O CPM 22 está com uma nova formação e um novo astral, mas não deixou de lado a sonoridade e a identidade que os fãs tanto amam e seguem a fio.
Claro que com o passar dos anos, novos estilos e solos foram inseridos nas melodias, mas isso não altera o som que o grupo, liderado por Fernando Badauí, integra ao seu público.
No bate-papo de hoje, Badauí fala sobre as novas canções da banda ("Escravos" e "Oriente"), a formação que agora conta com Daniel e Ali, a atual fase do mundo da música e muito mais! Boa leitura!
O CPM está produzindo um disco novo, com o objetivo de lançar um single todo o mês. Como tem sido essa produção?
BADAUÍ: Na verdade não sei nem se vai ser um disco ainda ou se vai ser um EP. A gente tá soltando músicas durante a quarentena, músicas que a gente fez desde o começo do ano, desde que a gente entrou em quarentena mesmo. A gente tem 20 músicas, aproximadamente.
Estamos junto com a Ditto, que é a nossa gravadora digital, que foca nesse tipo de lançamento e agora a gente vai ver como fazer isso no começo do ano, se vai lançar alguns EPs, um atrás do outro, lançando músicas uma por mês, de repente, e depois a gente compila tudo... ou se a gente vai lançar um disco... estamos decidindo isso ainda.
Mas a produção foi bem legal, deu pra ter contato com a banda nesse tempo que a gente tá parado por conta da pandemia. Mas tem muita música boa vindo aí é só aguardar!
Recentemente vocês lançaram duas novas canções "Escravos" e "Oriente". Nos fale sobre as composições de ambas e essa pegada mais politizada e social de "Escravos".
BADAUÍ: Entre as 20 músicas que falei que fizemos, a gente tem músicas de todos os temas. Tem músicas bem CPM, bem cotidianas, fiz uma música para a minha mulher, essa "Oriente" o Luciano fez quando conheceu a mulher dele.
A "Escravos" é uma música mais politizada, tem outras politizadas também. E isso é normal! Vai saindo a base vem, a gente começa a escrever a letra de acordo como a música pede. Tem de tudo, mas a sonoridade está tudo dentro da nossa identidade, entre as influências que a gente tem.
Mas é um CPM 22 um pouco diferente, no sentido de ter dois músicos novos na banda. Mesmo mantendo a identidade, a sonoridade sempre tem um algo a mais. Como foi quando entrou o Phil, que a gente começou a explorar muito mais solo do que tinha antes.
Está bem legal essa fase nova, as músicas estão incríveis e é só aguardar que vai sair uma porrada atrás da outra.
Considera que estamos passando por uma era de "ditatura"?
BADAUÍ: Uma ditadura não é porque a gente ainda tem o direito de ir e vir e de se expressar. O máximo que vai acontecer é você receber algumas críticas pelos defensores do governo, dos seguidores cegos do governo.
Mas tem coisas que realmente a gente tá retrocedendo, a partir do momento que você coloca a religião no cargo mais alto do poder pra tomar decisões, baseada em suas ideologias, isso limita bastante o dia a dia das pessoas e o sistema que a gente vive.
Até porque a gente vive em um estado laico, com diversas religiões, milhões de pessoas também que não acreditam em nenhum tipo de religião. Então o ideal seria a gente ter um governo que tivesse uma ideologia neutra nesse sentido. Você pode ter as suas convicções, as pessoas que ocupam o poder, o governo, tem suas convicções, mas não pode simplesmente ignorar ou condenar o pensamento contrário.
Então em vez de ser uma ditadura entre aspas, acho que a gente vive uma falsa democracia, acho que isso cabe mais para o momento que a gente tá vivendo.
Atualmente a internet é a responsável por lançar muitas novidades ao mundo da música. O CPM pertence a uma safra de artistas em que o sucesso vinha de shows, venda de discos, rádios... qual a maior diferença daquela época e o que melhorou para os músicos?
BADAUÍ: O CPM se adapta a qualquer situação! A gente está completando 25 anos, já passamos por várias mudanças de mercado, na queda brusca da venda de discos, discos físicos, por conta do mp3. Ao mesmo tempo que o mp3 divulgava a banda e a pessoa podia ouvir em qualquer país, sem ter o disco na mão, ele também não gerava receita nenhuma para as gravadoras e nem para os artistas como direitos autorais. Mas a gente já passou por tudo que é fase, todas as mudanças do mercado e a gente tá adaptado também.
A gente é uma banda de palco, uma banda que faz muitos shows por ano e isso não mudou tanto de lá pra cá, teve época de maior exposição de mídia aberta de televisões e rádios, mas a gente tem muito público, um público que acompanhou a gente desde o começo e tá aí até hoje, nossos shows estão sempre cheios, mas até essa forma que a gente tá lançando músicas uma atrás da outra, com um espaço não muito grande de tempo, é uma adaptação a essa nova forma de consumo de música, dos tempos atuais.
Mas eu não costumo comparar épocas, acho que estamos em um momento muito bom, e altos e baixos faz parte. Acho que a gente sempre foi uma banda que não decaiu muito em nenhuma uma época e nem ficou super gigante em outra que determinasse essa queda.
A gente sempre foi uma banda que atingiu um patamar que nos permite fazer muitos shows, uma banda com bastante público e a gente permanece assim ao longo da carreira.
Como está sendo esse período longe dos palcos por causa da pandemia?
BADAUÍ: Ficar longe dos palcos tá uma m****, né? É onde a gente tem a maior receita e é onde a gente se diverte. Tudo que a gente faz de lançar música, de compor as músicas, isso tudo vai desembocar no palco, que é o momento da gente apresentar ao vivo aquilo que a gente lançou, tudo aquilo que a gente gravou, mas é um período que a gente tem que aguentar, uma hora vai passar e a gente vai voltar aos palcos e vai voltar com tudo porque as pessoas não aguentam mais ficar em casa e estão sentindo muita falta dos shows e diversão.
O que mudou no CPM 22 depois da nova formação?
BADAUÍ: O que mudou foi o astral! A gente tá num momento muito legal com essa formação nova. Não foi fácil tudo o que a gente passou, mas vida de banda é assim mesmo, qualquer trabalho que você tenha em grupo está sujeito a mudanças.
O CPM já passou por várias e as pessoas têm que entender que a vida coloca oportunidades e obstáculos, que a gente acaba rompendo relações. Isso é normal na vida de qualquer um, pessoalmente e em trabalhos em grupos.
Mas a fase tá muito boa, os caras que entraram são da mesma escola que a gente, ouvem as mesmas coisas que a gente. É uma oportunidade de ouro também pro Daniel (Garage Fuzz) e pro Ali (engenheiro de áudio e produtor no Estúdio Aurora e no estúdio Sunrise Music) cair na estrada de forma profissional, tocando aquilo que eles gostam.
Deixe um recado pra galera que curte o CPM 22
BADAUÍ: Valeu galera que curte a banda, obrigada pelo espaço, em breve estamos juntos aí na estrada. Valeu, tudo de bom pra vocês!!