IZA surgiu para o grande público há menos de dois anos, quando assinou contrato com gravadora e lançou seus primeiros singles. Depois de explodir e se tornar conhecida no país com o hit "Pesadão", parceria com Marcelo Falcão, a cantora lançou seu disco de estreia, Dona de Mim, nesta sexta-feira (27/04).
No trabalho, trouxe o discurso empoderado e positivo já conhecido do single com Falcão, sem deixar de falar também sobre relacionamentos e vontades do cotidiano de qualquer mulher. Fez parceria com sete artistas diferentes, de grandes nomes, como Ivete Sangalo, Carlinhos Brown e Thiaguinho, a novos artistas, como Gloria Groove, Rincon Sapiência e Ruxell.
Com a mistura de elementos brasileiros como o berimbau e a cuíca com o pop, fugiu do cenário mainstream do gênero atualmente no país, que bebe da fonte do funk e do reggaeton pós-explosão de "Despacito". Não há uma música que busque o caminho mais simples e siga a receita que já foi aprovada pelo público e está sendo usada exaustivamente.
Em seu primeiro disco, IZA se firma ao trazer um discurso empoderado e um mix rico para o mainstream, um respiro para o pop brasileiro já em sua primeira contribuição.
A Billboard Brasil conversou com a cantora sobre o processo criativo do álbum:
Como estão as primeiras horas após o lançamento do disco?
Uma loucura! Tem muita coisa acontecendo, muita mensagem chegando, fui dormir às cinco da manhã tentando acompanhar tudo.
Dona de Mim é o seu primeiro álbum completo e já existia uma grande expectativa em torno dele. Como foi isso para você?
Fico muito feliz com essa expectativa, meus fãs não aguentavam mais esperar e pedir pelo álbum [risos]. Trabalhei muito, ficava dentro do estúdio às vezes sem ter o que fazer, ia ver os produtores, saíamos para almoçar... Tudo isso porque sabíamos que a verdade das músicas ia surgir dali.
No disco, você mistura diversos gêneros e sonoridades brasileiras com o pop. No fim, não parece uma playlist com músicas perdidas, mas um trabalho com identidade que flerta com outros universos. Como foi esse processo?
Eu queria que fosse um álbum versátil, com tudo que a black music abraça - samba, soul, blues, trap, capoeira. Fiquei apreensiva para criar porque sabia que tinha que ser verdadeiro, coerente. Fiquei com medo de acharem que eu estava perdida, que eu queria agradar todo mundo. No estúdio, fizemos um pouco de tudo que eu gosto de cantar, mas seguindo a mesma estética, trazendo essa identidade para o álbum.
São sete parcerias no disco, com nomes de diferentes gêneros da música brasileira. Como chegou nesses nomes?
Sempre que estávamos no estúdio, pensávamos: "Essa música é para quem? É para cantar sozinha ou com alguém?". "Pesadão" foi feita pensando no Falcão, "Corda Bamba" foi feita pensando na Ivete. Com o Thiaguinho, fizemos algo bem carioca, com o samba e o trap. Com o Carlinhos Brown e a Gloria Groove, deixamos nas mãos deles para fazerem o que quisessem. Todos que participaram entraram no projeto porque quiseram, porque acreditaram no trabalho. O disco tem essa energia de parceria.
Ouça Dona de Mim:
As músicas desse disco são bem diferentes dos singles que você lançou inicialmente, como "Quem Sabe Sou Eu" e "Te Pegar", mas que já traziam um pouco dessa identidade de tocar em assuntos importantes de forma descontraída.
Sim! Nessas primeiras músicas, eu ainda estava me descobrindo. A gravadora me permitiu ter tempo para fazer esse álbum, encontrar a minha voz, a mensagem que eu queria passar. O discurso nas músicas não é proposital, vem da minha vivência. A mensagem do álbum é positiva, de levantar a cabeça e seguir em frente apesar dos obstáculos, de uma mulher no poder, liderança feminina, seja nas músicas escritas por mim e pelos meninos ou nas que foram feitas para mim.
Quando você lançou "Pesadão", muitos descreveram a música como um hino gospel pelo teor de superação da letra. Isso não é muito comum no pop brasileiro.
"Pesadão" foi, na verdade, um tiro no escuro. Eu queria passar essa mensagem e ainda bem que as pessoas entenderam, me contaram muitas histórias de superação e então vimos que podíamos colocar o álbum na rua e que iam entender também.
Você não censurou os palavrões das músicas. Como se deu essa escolha?
Sinceramente, para mim não é um problema. É claro que nas rádios não vai tocar, vai ter que ser uma outra versão. Mas os palavrões fazem sentido nas faixas, era o que eu queria falar. Quis trazer esse empoderamento de falar de sexo, de ponto G, palavrão. Todo mundo fala, né? [risos]
Qual foi a ideia por trás de "No Ponto"? De início, ela parece destoar do resto do disco por ter essa vibe retrô, blues.
Eu quis misturar blues e trap. Como eu disse, trouxe para o álbum tudo que eu queria e gosto de cantar. E queria falar de sexo tranquilamente, como deveria ser, natural. Tantos homens falam disso e ninguém acha absurdo.
Já tem planos para o próximo single?
Tenho planos, sim. Isso era algo que eu queria muito, ver o que o público ia gostar, qual música os fãs querem como single. Até agora, está batendo com o que pensamos [risos]. Mas "Ginga" está crescendo, ainda vou trabalhar mais nela. Não sei quando a próxima música de trabalho vai sair. Faço tudo com muito cuidado, é meu jeito de ser.