CPI do PIX: bancos investem R$ 3,4 bilhões em prevenção a fraudes no País, mas golpes crescem 165%

ALESP


Em 2022, o sistema financeiro brasileiro investiu R$ 3,4 bilhões em mecanismos de segurança e prevenção a fraudes digitais. Mesmo assim, no mesmo período, o número de golpes registrou um aumento de 165%. Com a ampliação do uso da internet para operações bancárias, a saída tem sido investir na prevenção, agilidade de identificação e conscientização como ferramentas para minimizar os prejuízos.

Com o objetivo de prestar mais esclarecimentos sobre as denúncias envolvendo estes tipos de ataques, os membros da CPI dos Golpes com PIX e Clonagem de Cartões da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo receberam, nesta terça-feira (26), representantes de setores estratégicos do País. Integração e informação foram as palavras-chave do encontro.

Convidados a detalhar o que vem sendo feito para combater as quadrilhas digitais, estiveram presentes João Henrique Martins, coordenador-geral do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo; Walter Tadeu Pinto de Faria, diretor-adjunto de Serviços da Federação Brasileira de Bancos (Febraban); e Ricardo de Barros Vieira, vice-presidente executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).

Em sua participação como representante da Febraban, Faria lembrou que a pandemia acelerou o fluxo das operações bancárias para o mundo digital e defendeu o alto nível de segurança dos aplicativos atualmente. O problema é fazer com que as pessoas estejam preparadas para identificar os golpistas. "Os sistemas e aplicativos são extremante seguros desde a sua concepção. O que vemos são criminosos utilizando os mecanismos para enganar as pessoas, ou seja, eles atacam o elo mais fraco desse processo. Muitos não estão preparados para entender que aquilo que está acontecendo é um golpe", afirmou.



Selo e app

Sobre isso, Faria anunciou que será lançado em breve o "Selo de Prevenção à Fraude". Para obtê-lo, as instituições bancárias terão que seguir um regulamento em que haverá exigências mínimas para abertura de contas correntes e todos os demais processos de movimentação. Uma consultoria, contratada pela Febraban irá às instituições verificar se elas estão cumprindo as novas normas por completo. Se sim, elas passarão a ter o selo. Essa avaliação será feita anualmente. "Essa é uma forma de dizer para a sociedade que os bancos se preocupam com os seus clientes", comentou ele.

Uma parceria da Febraban com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Ministério da Justiça prevê ainda a criação de um aplicativo, o "Celular Seguro". Nele, o usuário poderá pedir para que a operadora trave o aparelho em eventual caso de roubo. A partir desse app, a informação chegará aos bancos para as devidas providências de prevenção às fraudes. Para outubro, também está previsto o lançamento da campanha "Pare e Pense, pode ser Golpe".

Ferramentas

O coordenador geral do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, apontou que toda a equipe está trabalhando em conjunto com especialistas operacionais das polícias, do setor jurídico e da sociedade civil para apresentar sugestões de inovações legislativas à Alesp e ao Congresso Nacional, em Brasília. A meta é se adequar à realidade atual e criar novas ferramentas para combater os crimes cibernéticos e suas consequências, como o sequestro-relâmpago, por exemplo.

"Estamos nos equipando para realizar algo que nunca foi feito, como reunir dados e transformá-los em informações que serão repassadas às polícias. Tudo para dar suporte ao trabalho de prevenção e solução das ocorrências. Esse trabalho de produção de inteligência será feito de forma sempre integrada", detalhou João Henrique Martins.

R? 3,3 trilhões

O vice-presidente executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Ricardo de Barros Vieira, apresentou números do setor e defendeu que o sistema sempre protege os clientes. De acordo com ele, apenas no final do ano passado, o volume transacionado em cartões de crédito chegou a R? 3, 3 trilhões no Brasil. Atualmente, cerca de 100 milhões de brasileiros utilizam cartões e 22 milhões de máquinas estão disponíveis em uma série de estabelecimentos.

Vieira afirmou que o número de fraudes em cartões preenche uma fatia de apenas 0,049% do total em circulação. Em 2021, foram 2.224 ocorrências. Já no ano passado, 1.962. "Temos um dos melhores índices relativos a fraudes da indústria de cartões do mundo. A indústria, ao longo das últimas sete décadas, se preocupou em desenvolver tecnologias seguras e fáceis de serem usadas", comentou o representante da Abecs.

Uma forma de tornar o sistema ainda seguro, de acordo com Vieira, é também responsabilizar os credenciadores que distribuem as máquinas de cartões. "Quando houver comprovação de negligência na liberação de uma máquina para pessoas inidôneas, esses credenciadores ficariam com o prejuízo. Entendemos que, colocando o ônus no lugar correto, todos vão trabalhar para evitar esse tipo de problema. O consumidor não tem risco algum", garantiu.

Presenças

Estiveram presentes ao encontro da CPI o seu presidente, o deputado Itamar Borges (MDB); a vice Maria Lúcia Amary (PSDB); Marcos Damasio (PL); Rômulo Fernandes e Luiz Claudio Marcolino, ambos do PT; Altair Moraes (Republicanos); Capitão Telhada (PP) e Valéria Bolsonaro (PL).

"De fato, o Centro Integrado de Comando e Controle está sendo colocado, agora, à altura que ele merece, coordenando os trabalhos, integrando e trazendo tecnologia. Dessa união de esforços surgirá muita coisa boa. Aproveito para pedir que integrem também o Poder Legislativo, para a futura criação de leis e dispositivos que possam auxiliar e dar ferramentas para as polícias exercerem o seu trabalho. Combater o crime digital não é enxugar gelo. É preciso levar e manter todos esses golpistas presos, para que não agridam mais os cidadãos de bem", afirmou Telhada.