Geraldo Alckmin coloca nome à disposição para as eleições de 2022 na reunião do grupo Desenvolve Vale

Geraldo Alckmin defende a vacinação em massa para a retomada econômica.


Governador de São Paulo por quatro mandatos, Geraldo Alckmin (PSDB) acredita que o PIB do país deve apresentar crescimento em 2021 - alta que será puxada principalmente pela construção civil e pelo agronegócio. O tucano, convidado para reunião do Desenvolve Vale nesta sexta-feira (26), em São José dos Campos, também considera a possibilidade de voltar a disputar um cargo eletivo. 

Coordenado por Kiko Sawaya, o encontro entre o ex-governador e os conselheiros do Desenvolve Vale foi realizado na Colinas Green Tower, respeitando todas as recomendações sanitárias das autoridades. A reunião também contou com a presença do deputado federal Eduardo Cury (PSDB), do prefeito de Jacareí, Izaias Santana (PSDB), do vice-prefeito de São José dos Campos, Anderson Farias (PSDB), e do prefeito de Lorena, Sylvinho Ballerini (PSDB).

De acordo com Alckmin, o bom momento da construção civil e o crescimento do agronegócio são impulsionadores da economia e, consequentemente, da criação de novos empregos. Mas o tucano adverte que tudo isso depende de uma campanha eficiente de vacinação. 

"O meu otimismo com a economia passa pelas pessoas vacinadas. Como médico, sei o quanto é animadora a notícia de uma vacina para a covid-19, fabricada em tão pouco tempo. A vacina é a única solução para que a gente possa diminuir o número de doentes e avançar a economia", disse Alckmin.

Ele ainda afirmou que o país está na "armadilha da renda média", que amarra o crescimento do Brasil. A solução é investir em uma agenda econômica que favoreça a competitividade, explicou.

"O país teve décadas com picos de crescimento até chegarmos nos anos 1980, quando a economia entrou na armadilha da renda média, da qual não conseguiu mais sair. Para que isso aconteça, é preciso tirar o Brasil da política cartorial, estimular uma agenda competitiva. Não podemos, por exemplo, ter cinco ou seis bancos. Nos Estados Unidos, são mais de 5.000. Essa concorrência deixa o país competitivo, gera ambiente de negócios e mais emprego", afirmou o ex-governador.

Para tanto, Alckmin defende uma reforma tributária que ajude a diminuir a desigualdade na cobrança de impostos, fazendo com que se tribute mais na renda do que no consumo. 

"A tributação no Brasil é toda em cima do consumo. A pessoa que ganha um salário mínimo paga a mesma tributação que quem tem mais renda. Isso encarece tudo, trava o crescimento do país. Você vê em outros países esse imposto sendo cobrado mais na renda. A reforma tributária precisa ter esse olhar para que alcance seu objetivo."

Pós-pandemia

A pandemia ainda está longe do fim, mas, para Alckmin, já era preciso estar se preparando para as novas demandas decorrentes da crise sanitária, principalmente nas áreas da saúde, economia e planejamento do país. 

O ex-governador acredita que a pandemia deixará como aprendizado a necessidade de autonomia em questões relacionadas à saúde e pesquisa - o que exige investimentos e vontade política, segundo ele. 

"A pandemia deixa um princípio novo para o mundo globalizado: o da precaução. Será fundamental que o Brasil invista em seus institutos de pesquisa e na sua cadeia industrial. Por exemplo, precisamos ser autossuficientes em respiradores e insumos para a saúde. Nós não podemos ser apenas o país das commodities. E se você me perguntar de onde virá esse dinheiro, eu respondo: governar é escolher suas prioridades. Você precisa escolher para onde vão as verbas e ter um planejamento condizente com as demandas atuais na sociedade", afirmou.

Outra questão levantada pelo tucano no pós-pandemia foi o investimento na saúde pública. "Toda a população está percebendo a importância do SUS neste momento de necessidade. Ainda investimos muito pouco em nosso sistema público de saúde em comparação com os outros países. O SUS faz milagre."

Cenário político

Com o cenário político agitado em Brasília, o governador afirmou que atualmente todos os partidos perderam parte da força de outrora, e que a tendência de valorizar os nomes em detrimento das siglas - que já é uma característica do eleitorado brasileiro - continua forte. 

"Nas democracias mais sólidas, os nomes passam, e a instituição - que é o partido - fica. Mas quando você tem mais de 35 siglas, fica impossível termos fidelidade partidária, tanto dos eleitores quanto dos políticos. A reforma política precisa mexer em questões importantes, como o voto distrital e fundo partidário", disse. 

Candidatura

Por fim, ao ser questionado sobre sua participação nas eleições de 2022, o ex-governador deixou a possibilidade no ar. "Política é um chamado que não podemos recusar."