Semana começa com depoimentos que podem afastar Bolsonaro da presidência

Oitivas terão depoimentos de três ministros de Estado, seis delegados e uma deputada federal


Tem início nesta segunda-feira (11) a maratona de depoimentos para que a PGR (Procuradoria-Geral da República) possa concluir se deve denunciar o presidente Jair Bolsonaro por corrupção passiva privilegiada, obstrução de Justiça e advocacia administrativa. O objetivo da investigação é descobrir se são verdadeiros os apontamentos do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro ao acusar o presidente de tentar interferir na autonomia da Polícia Federal.

O contrário também pode ocorrer e o ex-juiz da Lava Jato passaria a ser o vilão da investigação, se incorreu em uma mentira. Além disso, Moro enfrenta um segundo dilema ao longo do inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF): se ficarem provados os delitos cometidos por Bolsonaro, o ex-ministro também pode ser enquadrado pelo crime de omissão nas irregularidades eventualmente cometidas pelo presidente.

As graves acusações de Moro ao presidente da República colocam em primeiro plano o que seriam delitos praticados pelo chefe de Estado brasileiro, de supostamente forçar o acesso às investigações sigilosas da PF, em especial, sobre dados referentes ao Estado do Rio de Janeiro. Dessa forma, o Procurador Geral da República Augusto Aras pediu abertura de inquérito para investigar as denúncias e foi atendido pelo Supremo.

As oitivas terão depoimentos de três ministros de Estado, seis delegados e uma deputada federal. Caso confirmada a veracidade das acusações de Moro, o PGR poderá denunciar o presidente Bolsonaro. Caberia em seguida à Câmara Federal aprovar ou não a continuidade das investigações, e neste caso, o presidente da República seria afastado por 180 dias.

Vale destacar que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, já autorizou ao ex-ministro Sergio Moro e ao procurador-geral da República, Augusto Aras, o acesso à cópia da gravação em vídeo da reunião entre Moro, Jair Bolsonaro, vice-presidente Hamilton Mourão, ministros e presidentes de bancos públicos. 

A reunião foi realizada no dia 22 de abril e foi citada pelo ex-juiz em 2 de maio, quando disse ter sido pressionado pela demissão do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. O que aconteceu depois é o que todos sabem: Valeixo saiu, Moro também saiu e não deixou barato, ateou "fogo no cabaré", como dizem os internautas.