O termo surgiu em 2011 durante a Feira de Hannover, na Alemanha. A Indústria 4.0 já é realidade e exigirá novas competências para profissionais que queiram se destacar neste contexto. O mundo entra na era do QI Digital.
A Indústria 4.0 une as principais inovações na área de tecnologias ao processo de manufatura, com o objetivo de otimizar a produção, oferecendo ao mundo a indústria inteligente, aquela em que a automação estará conectada com a tecnologia de informação e controle para oferecer produtos customizados aos clientes. Na prática, esse processo garante melhor qualidade, prazos de entrega menores e preços competitivos.
Entre as tecnologias que possibilitaram essa evolução, destaca-se a internet, que incorporada plenamente aos processos industriais, permite melhor monitoramento e controle da planta industrial. É considerada a quarta revolução industrial e trará grandes impactos ao mercado.
Automática e autônoma - Segundo Marco Richetto, professor nos cursos de engenharias da Anhanguera de Pindamonhangaba, a princípio, o principal impacto ocorrerá na indústria de manufatura, como a automobilística, eletrônica, linha branca, peças e partes. Isso porque a inclusão de tecnologias como IoT (internet das coisas), M2M (Machine to Machine), e Big Data, permitirão a otimização dos processos industriais, principalmente em etapas relevantes como diagnóstico, configuração e otimização, que passam a funcionar de forma totalmente automática.
“Isso permite que a indústria deixe de fabricar produtos por batelada, em série, e passe a produzir de acordo com os desejos e configurações escolhidas pelo consumidor, customizando a produção em tempo real”, explica o especialista. Ele reforça que este movimento significa uma grande quebra de paradigma, o que possibilita considerar a mudança como "revolução".
Diante disso, as empresas devem se adaptar, para não correrem o risco de perder competitividade. “Como o nível de exigência dos consumidores sempre aumenta, a indústria precisa ser capaz de atender esta demanda, caso contrário, o consumidor passa a adquirir produtos externos”, alerta o Richetto.
Impacto na região - Quanto às indústrias no Vale do Paraíba, Richetto destaca que a situação do polo industrial da RMVale não difere muito da encontrada pelo País. “A grande indústria vem se adaptando de forma lenta, enquanto a pequena indústria não faz qualquer movimento neste sentido”, analisa. Entretanto, isso se deve ao processo de adaptação, que é complexo e financeiramente relevante. “As plantas industriais e sistemas de controle e informática precisam ser totalmente renovados, para permitir que as tecnologias envolvidas na mudança possam ser implementadas”, explica o especialista.
Quanto ao mercado de trabalho, especialmente para quem trabalha em linha de produção, no chão de fábrica, é importante estar preparado para a mudança. “O impacto no mercado de trabalho será imenso, já que determinados profissionais não serão mais necessários e novas funções passam a ser relevantes”, alerta o professor. “É importante que compreendamos que a indústria não terá mais o "apertador de parafusos", e profissionais que realizam processos repetitivos serão substituídos por sistemas totalmente automatizados”, complementa.
Empregabilidade - Quanto às competência e habilidades exigidas para os profissionais se adaptarem a este novo contexto, o professor da Anhanguera sinaliza que é essencial ter capacidade de se adequar rapidamente às mudanças, ser multidisciplinar e ter criatividade, além daquelas normalmente adquiridas no processo de formação. Para garantir sua empregabilidade neste contexto, o professor aponta que as graduações em Engenharia (Elétrica, Mecânica, Automação), Tecnologia da Informação, ou Logística, serão pré-requisitos. “Além disso, cursos de pós-graduação em pessoas, processos, informação e qualidade, serão um diferencial importante”,.
O Vale do Paraíba conta com polos industrial e educacional relevantes no cenário nacional e, dessa forma, tem grande potencial para inovação. “Infelizmente, nosso foco industrial está na manufatura e montagem de produtos, e não em desenvolvimento, o que relega a região a simples produtora, embora com capacidade para desenvolvimento”, destaca o professor da Anhanguera de Pindamonhangaba, Marco Richetto.