São José dos Campos recebe primeiro Banco de Ensaios de Compressores da América do Sul

Estrutura será entregue pela AERO CONCEPTS e DCTA no segundo semestre deste ano


Com a entrega prevista para o segundo semestre deste ano, São José dos Campos terá o primeiro Banco de Ensaios de Compressores (BEC) para turbinas aeronáuticas da América do Sul, trilhando caminhos antes visitados por países de primeiro mundo. Nascido de uma parceria da AERO CONCEPTS com o Departamento de Ciência e Tecnologia de Aeronáutica (DCTA) e com o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), o projeto de criação de uma estrutura capaz de realizar testes de segurança, desempenho e confiabilidade de componentes aeronáuticos está na fase final de montagem. Tal iniciativa promete trazer dinamismo aos processos de testes de equipamentos a serem utilizados pelas Forças Armadas em prol da defesa nacional.

A ideia da construção do BEC surgiu do DCTA/IAE, com a proposta de obter um complexo que pudesse atender ao setor de pesquisa da instituição, assim como para possibilitar o desenvolvimento de turbinas a gás no Brasil, com a confiabilidade exigida e utilizando padrões internacionais como os encontrados na Turbina TR5000/ATJA45-50, da AERO CONCEPTS.

Sobre isso, o Diretor de Operações e Cofundador da empresa, Alexandre Roma, afirma que "projetos como esse colocam o Brasil em posição de destaque no cenário mundial, tornando-nos os únicos do continente a deter o domínio da tecnologia de ponta a ponta: projeto, desenvolvimento, fabricação e, agora, de ensaios de compressores para motores aeronáuticos."

O projeto, que contou com o investimento da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), foi assinado em outubro de 2020 e faz parte do complexo de bancos de ensaios de desenvolvimento de motores aeronáuticos das classes turbojato e turbofan do Instituto e Aeronáutica e Espaço (IAE), o qual dará ao Brasil condições reais para gerar componentes aeronáuticos confiáveis com foco nas certificações exigidas e em produções seriadas para atendimento ao mercado nacional e internacional.

Roma reforça ainda a importância de tecnologias como essa e aponta para os próximos passos: "Estrutura como essa é capaz de gerar autonomia e independência tecnológica, fortalecendo a soberania nacional. E, em breve, teremos a possibilidade de realizar parcerias com empresas civis nacionais e, por que não, com empreendi ao redor do mundo."

A estrutura

Com uma área de 469 m², a estrutura conta com capacidade de acionamento de até 2.5 MW, rotação de 30.000 rpm, taxa de compressão de 10:1 e vazão máxima de 10 Kg por segundo. As obras iniciaram há três anos e envolveram quase 130 fornecedores, além de mão de obra direta de aproximadamente 200 pessoas.

O Banco de Ensaios de Compressores, localizado no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), foi a concretização de um projeto assinado em 2020 com a Força Aérea Brasileira.

Como um compressor é testado?

O processo de teste de um compressor envolve três etapas: a preparação do compressor (adaptações mecânicas e elétricas); o teste de desempenho e, por fim, a análise dos dados. Ao todo, o tempo que cada processo leva, varia de acordo com as necessidades do cliente, demorando, pelo menos, 120 horas.

Aplicabilidade no mundo civil

Com a acessibilidade de uma estrutura como essa, fabricantes que desejem tirar do papel projetos para desenvolver equipamentos (como motores) com melhores rendimentos, ou que tenham clientes buscando aprimorar as tecnologias já em uso no chão de fábrica, terão o Banco de Ensaios como aliado na busca por processos fabris mais modernos e efetivos.

Partindo para uma situação prática: uma refinaria de petróleo está utilizando maquinários com baixo desempenho, mas existe um projeto de aprimoramento (virtual) que já passou por testes em programas, sendo aprovado em todas as etapas. O passo seguinte seria: seguir para a fabricação do novo equipamento/peça - considerando que os testes virtuais teriam sido suficientes - ou buscar o teste real, utilizando estruturas de ensaios como o BEC. Ao optar pela fabricação imediata, corre-se o risco de perder o investimento, afinal, apenas com os testes físicos, envolvendo a sinergia entre peças, a resistência de cada uma etc, que seria possível verificar a efetividade da teoria proposta.

Logo, os bancos de ensaios surgem não apenas para otimizar processos e economizar recursos, mas, principalmente, para oferecer resultados clínicos confiáveis, focando na efetividade do projeto.