De acordo com matéria publicada pela Folha de S.Paulo em 28 de outubro de 2018, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a porta de entrada para seis em cada 10 instituições de ensino no Brasil. Os dados do Ministério da Educação (MEC) indicam que das 2.448 instituições públicas e privadas existentes no país, 1.481 usam a nota da prova para o ingresso de estudantes no ensino superior. Em 1999, um ano depois que o exame foi criado, apenas duas instituições aceitavam o Enem como base para o ingresso de estudantes (PUC-RJ e Federal de Ouro Preto-MG).
O exame democratizou o acesso ao ensino superior. Muitos estudantes realizam a prova para conseguir oportunidades tanto em instituições públicas quanto em faculdades particulares. Isso só é possível por meio do Fies (financiamento estudantil do governo federal) e do Prouni (Programa Universidade para Todos), que oferta bolsas de estudos (bolsa Enem) em universidades privadas. Com todo esse contexto, o exame se tornou um grande expoente para o aumento de matrículas no ensino superior.
A prova também foi importante para a inserção de política de cotas. A participação de pretos e pardos entre os inscritos no exame saltou de 29% para 59% nesses últimos 20 anos, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), instituto responsável pela execução do exame. Até o ano passado, o estudante também poderia ter certificado do Ensino Médio, mas agora esse benefício não é mais concedido e o estudante precisa fazer o Exame Nacional para Certificação de Competência de Jovens e Adultos (Encceja).
Desde a criação, o Enem passou por diversas transformações. Nos 10 primeiros anos, o formato de prova era o mesmo: 63 questões e uma redação, feitos em um único dia, durante no máximo cinco horas. A partir de 2009, o exame passou por drásticas reformulações. Antes a prova era realizada para diagnóstico do Ensino Médio. Desde 2009, no entanto, ganhou roupagem de vestibular. Quatro novas áreas foram introduzidas: linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza.
Com isso, o Enem passou a ter 180 questões, além da redação. Por causa da abrangência do exame, as questões começaram a ser realizadas em dois dias diferentes. A Teoria de Resposta ao Item (TRI) também foi desenvolvida. A metodologia busca dar maior pontuação para aqueles que não chutam as questões. Para isso, no entanto, os exercícios possuem níveis de dificuldade. Foi em 2009 também que o governo criou o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), para selecionar estudantes para instituições públicas federais por meio da nota no exame.
Neste ano, 5.513.708 pessoas se inscreveram para fazer o Enem. Agora o exame é realizado em dois finais de semana diferentes e possui 30 minutos a mais do que no ano passado para a realização da prova do segundo dia, que inclui matemática e ciências da natureza. O exame também pode sofrer alterações nos próximos anos, caso a atual proposta da base nacional comum curricular seja aprovada, já que ela prevê maior flexibilidade nas matérias estudadas no Ensino Médio, com uma carga mínima para as disciplinas obrigatórias.