Psicopedagoga e professora da UNITAU alerta sobre os perigos do bullying na infância

Massacres e bullycídio são comentados pela professora


Em maio de 2016, foi publicada a Lei 13.277/2016, que institui 7 de abril como o Dia nacional de combate ao bullying e à violência na escola. A lei foi aprovada de forma simbólica depois de cinco anos do "massacre de Realengo", em que 12 crianças foram assassinadas a tiros em uma escola no Rio de Janeiro, por um autor que enfrentou o bullying na infância. 

A Profa. Ma. Luciana De Oliveira Rocha Magalhães, do curso de especialização em Psicopedagogia da Universidade de Taubaté (UNITAU), alerta que o bullying afeta de 20% a 25% dos alunos e que as consequências dessa ação se desdobram de diversas formas, como reações exageradas, em que a vítima se torna agressora e até mesmo o "bullycídio", o suicídio em decorrência do bullying

"Quando a gente fala de impacto, depende das vivências de cada um, mas na maioria das vezes o aluno se distancia do seu grupo de amigos, tem medo de se relacionar, se desinteressa pelo ambiente escolar, começa a faltar, é afetado de inúmeras formas no seu desempenho escolar e pessoal. Além das crianças que sofreram bullying e não tiveram o apoio necessário, elas carregam esse sofrimento para a vida toda, como um trauma, por isso ter apoio da escola e da família é essencial para a superação desse trauma", comenta a professora. 

A psicopedagoga explica que o bullying é uma forma de dominação de uma pessoa sobre outra, ou entre grupos, que pode acontecer de várias formas: física, verbal ou psicologicamente. As causas das agressões estão na própria estrutura social, que prioriza e valoriza certas características e desvalorizam outras. "Aqueles que sofrem bullying comumente têm características socialmente e historicamente consideradas inferiorizadas, como diferença de classe social, deficiências físicas, mentais, de gênero e diferenças étnicas", pontua.  

Os ambientes em que há maior incidência de bullying são aqueles que não estão abertos ao diálogo, em que se age de forma reativa e em que se espera a agressão acontecer para se tomar medidas cabíveis. "O caminho para evitar o bullying é da pró-atividade, porque ele sempre existiu e sempre vai existir, com um grau maior ou menor de intensidade. Podemos diminuir a sua incidência, agindo de forma proativa, com ações de prevenção e de conscientização. Elas devem ser contínuas e não pontuais. Devem ser sempre antecipadas, para mostrar para aqueles que sofrem o que devem fazer e como podem denunciar. E também mostrar para aquele que pratica como isso é um ato de covardia", diz a psicopedagoga.  

A professora ainda orienta que os responsáveis sejam observadores, pois a ação pode ocorrer de forma contínua. "O bullying parte de uma situação de mau gosto e vai muito além de uma brincadeira. Ele é feito intencionalmente para agredir o outro, ele tem um alvo e acontece de forma sistemática, continuada por várias vezes", ressalta.