Quais as obras literárias obrigatórias na Fuvest 2019?

O vestibular exige nove obras literárias

Se você vai prestar a Fuvest 2019 pode ficar tranquilo, as obras continuarão as mesmas de 2018! Porém, para 2020 a lista foi atualizada e ficará em vigor até 2022. O vestibular exige nove obras literárias, que são aprovadas pelo Conselho de Graduação da USP. A lista costuma se manter por três anos seguidos.

As questões sobre os livros costumam aparecer na parte de linguagem, mas podem ser relacionadas com outras matérias, como geografia ou história, por isso,  a leitura é obrigatória. Apesar disso, os livros escolhidos variam entre obras de fácil acesso e algumas que exigem uma maior interpretação do vestibulando. Geralmente nos cursinhos pré vestibular existem aulas designadas a entender as obras.

Para te ajudar a entender melhor sobre essas obras, sua história e facilitar a leitura preparamos um breve resumo de cada uma.

A Relíquia - Eça de Queirós

É um romance e foi publicado pela primeira vez em Portugal, na cidade do Porto, em 1887. Chegou ao Brasil por meio de folhetins, que eram distribuídos pela Gazeta de Notícias. Atualmente, o livro de Eça de Queirós é um dos mais famosos da literatura portuguesa e traz, com muito rigor, todo o realismo de sua época.

Teodorico Raposo, ou Raposão, era órfão e morava com sua tia, Titi ou Dona Maria do Patrocínio. Raposão, que gostava de viver altas aventuras, queria que a tia o enviasse a Paris, porém, ela não considerava um destino correto. Então ofereceu-lhe uma viagem a Jerusalém, para ser peregrinador, mesmo não gostando da ideia.

Teodorico aceitou, pensando em como seriam boas as aventuras que viveria lá. Entre desventuras,  encontrou com Miss Mary, com quem teve um caso rápido, porém intenso.

Quando vai embora, Miss Mary da uma lembrança ao amante,uma camisa embrulhada em um papel pardo. O problema é que logo depois Teodorico recebeu uma relíquia, que deveria entregar a sua tia.

Mas, entre as confusões que vive, trocou os pacotes e deu à ela camisa de sua amante. O protagonista foi expulso de casa e perdeu o direito de receber a herança de sua tia, Titi. Após isso, casou-se e passou a viver uma vida pacata.

Claro Enigma - Carlos Drummond de Andrade

Publicado em 1945, o livro reúne 45 poemas do aclamado poeta, Drummond. Diferente de outras obras, Claro Enigma traz uma visão mais amarga, voltando-se para as questões de transformação social da época. É um artista da era modernista e se destaca por seus pensamentos sociais e filosóficos.

Entender os poemas de Drummond exige muita atenção e reflexão, pois os temas abordados sobre sexo, amor, vida, ausência e sobre a poesia, pura e clara. Durante cada poema é possível enxergar reflexões profundas, sobre as ações do homem. Em vários momentos é possível sentir a introspecção da obra, dialogando com si sobre a melancolia de sua vida.

Iracema - José de Alencar

A obra escrita pelo carioca, José de Alencar, é um retrato do Brasil. Além de Iracema, o autor escreveu obras como Cinco Minutos, O Guarani e Ubirajara. Foi ministro da Justiça do Brasil e durante seu mandato ficou claro seu apoio a escravidão. Iracema foi publicada em 1865 e faz parte de sua trilogia indianista.

A obra baseia-se na história de amor entre a indígena Iracema e o branco colonizador, Martim Soares. O enredo mostra a civilidade do branco e como o índio é bom por natureza. A obra começa com um cena que irá se concretizar no final do livro, quando Martim ouve o nome de Iracema pelos ventos. Após isso, tudo começa desde o nascimento da índia e em como foi sua vida, até conhecer o branco.

Mayombe - Pepetela

Trazendo a literatura africana para os vestibulares, Mayombe retrata a trama de um colônia e de como seus guerrilheiros lidavam com toda a situação. O autor do livro, Pepetela, participou da guerra de libertação da Angola,  e foi durante esse período que escreveu o livro.

A obra foi publicada pela primeira vez em 1980 e é um romance, que traz inovações e sentimentos.

Dividido em seis capítulos, o livro aborda toda a missão dos militantes contra os colonizadores. Toda a obra é um análise dos princípios socialistas, envolvendo a realidade brutal a que estão submetidos e os desejos do MPLA.

O livro é uma crítica à luta da unidade, já que a Angola não se une por um ideal e assim acaba despedaçada  sem atingir seu objetivo, ser livre. A obra é polifonia, ou seja, existem várias vozes e os personagens não têm nome, são chamados por alegorias de guerra.

Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis

Considerado o maior nome da literatura, Machado de Assis produziu obras de todos os gêneros, escrevendo romances, crônicas, reportagens e contos. Memórias Póstumas foi publicado em 1881 e leva sua legitimidade até os dias de hoje.

A obra tem como principal personagem um defunto autor. Brás Cubas conta sua história depois de sua morte. Era um homem da alta sociedade, quando pequeno tinha um negro para si, que usava para maus tratos.

Quando jovem, vivia nas casas de prostituição, onde se apaixonou por Marcela, uma prostituta de luxo. Apesar de toda riqueza, a família de Brás Cubas não tinha ascensão social que queria. Para Machado, a ironia é a figura de linguagem muito usada. O autor não fala o que é, ele usa suas figuras de linguagem para que o leitor entenda suas ideias.

Minha Vida de Menina - Helena Morley

Uma obra publicada em 1942, Minha Vida de Menina, é um diário que conta a história de uma menina que vivia em Diamantina, Minas Gerais. O livro começou a ser feito quando o Brasil aboliu a escravidão, logo, a história conta sobre toda a decadência da cidade, que antes era uma potência.

O gênero textual, diário, não é usual nos vestibulares da FUVEST. É uma obra que deve ser lida com atenção, já que não sabemos qual será o tipo de questão que ela demandará.

Vidas Secas - Graciliano Ramos

Publicado em 1938, a obra conta a trajetória de uma família de retirantes nordestinos. Que por causa dos longos períodos de seca, é obrigada a se deslocar pelo sertão procurando comida, água e lugares para morar.

Na trama apenas dois personagens tem nome, Baleia, a cachorra da família e Fabiano, o patriarca. A história da família é regada a muita miséria, pois eles não têm o que comer ou o que vestir, além da demonstração do que a  falta de estudos faz, comparando-se a animais, muitas vezes.

Sagarana - João Guimarães Rosa

O primeiro livro publicado por Guimarães, Sagarana traz 9 contos. O assunto principal é o sertão e como a vida funciona naquela região, seus costumes, crenças, dialetos.

A versão final foi publicada em 1947, mas seu primeiro conto foi escrito em 1937. Uma autêntica marca do autor é a invenção de  palavras, demonstrando  uma semântica própria, a começar pelo próprio título.

A leitura dessa obra exige que o leitor tenha maturidade no campo da literatura e deve ser feita com atenção, sempre. Sagarana é  considerada uma das mais importantes obras da literatura brasileira, uma vez que conta estórias sobre o sertão, jagunços e suas religiosidades.