Até chegar à passarela da casa de moda Balenciaga, uma das mais prestigiadas do mundo, por meio da designer italiana Demna Gvasalia, os Crocs eram usados normalmente por jardineiros, trabalhadores de hospitais e crianças pequenas. Nos EUA, aliás, os calçados de borracha levantaram uma grande discussão depois que um garoto de uma escola no Texas teria supostamente torcido o pé por causa do produto -- os laudos médicos posteriores descobriram que, ao contrário, o sapato evitou uma lesão mais grave.
A importância dos calçados para crianças, no entanto, vai além de qual modelo escolher. O nutricionista esportivo Diogo Círico, da Growth Supplements, por exemplo, afirma que atividades físicas são um cenário para o desenvolvimento mental na infância: isto é, quanto mais diversificadas as práticas, melhor para o crescimento psicológico. E com essa necessidade, surge também a exigência de tênis, sandálias ou calçados adequados.
Os calçados podem influenciar bastante no desenvolvimento dos pés na vida adulta: como eles estão em constante mudança, do nascimento até perto dos 14 anos, quando as cartilagens vão se tornando ossos, esforços inadequados podem prejudicar essa transformação, gerando problemas difíceis de reverter depois. Por isso que fabricantes de produtos esportivos estão se voltando cada vez mais para esse nicho do mercado: há uma série de modelos da adidas infantil nas lojas brasileiras há dois anos, enquanto a Nike esteve na vanguarda dessa área nos EUA.
Segundo especialistas, o primeiro passo para escolher um calçado adequado é saber a numeração e a idade da criança. Antes dos nove meses, o ideal é que não sejam utilizados calçados infantis convencionais, e sim meias antiderrapantes, porque elas protegem as cartilagens que, no futuro, serão os ossos do adulto. Depois, de um ano em diante, já é possível escolher tênis, sandálias, chinelos e outros tipos de sapatos se atentando à numeração correta.
Calçados inapropriados podem gerar joanetes ou alterar o formato dos pés -- levando a um quadro de pé cavo ou chato --, além de maiores sensibilidades em tecidos moles, como músculos, tendões e até mesmo vasos sanguíneos. Na fase adulta, esses problemas voltam com o aparecimento de problemas na coluna ou nos joelhos.