Enquanto no Brasil, a taxa de mortalidade infantil subiu 4,8% entre 2015 e 2016, representando o primeiro aumento em 26 anos, em Campos do Jordão, a mortalidade infantil caiu mais da metade, nos últimos cinco anos: foi de 16,5 em 2012, para 7,82 em 2017.
A taxa de mortalidade infantil é medida de acordo com o percentual por mil nascidos vivos. No país, a taxa registrada é de 14 mortes por mil ( o dobro da jordanense). Nas cidades da região, em 2017, a média da taxa de mortalidade foi de 11,51 por mil. O índice obtido pela cidade, no último ano, é o menor da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte e equivale, de acordo com levantamento da Organização Mundial de Nacional de Saúde, publicado pela Revista Veja, neste final de semana, ao de países como Estados Unidos, Chile e Uruguai. O país, num todo, tem como meta chegar ao índice jordanense, apenas em 2040, de acordo com a Unicef.
Causas
A queda na mortalidade infantil e materna, em Campos do Jordão, não se deu de uma hora para outra. Tampouco é fruto do acaso. A taxa foi diminuindo desde 2013 e revela, por um lado, os cuidados na atenção básica e, por outro, os de alta complexidade, para gestantes e fetos.
Soma a este fato, os cuidados com o saneamento básico. Desde 2013, a cidade conta com tratamento de esgoto. Os programas, como o “se liga na rede” e de ampliação da distribuição de água, foram ampliados. Se até 2012, ainda havia mortes de crianças com doenças como diarreia e outras complicações causadas por bactérias, este quadro desapareceu.
Uma das primeiras medidas adotadas pela gestão do prefeito Fred Guidoni, na saúde, foi o cuidado com a gestante, o parto e o recém-nascido. Para que este cuidado desse resultado, houve uma intensificação no atendimento à gestante. Em 2012 foram feitos 1.480 atendimentos à gestante. Em 2017 este número quase dobrou: foram 2.643.
"Nós entendemos que esta era uma meta a ser perseguida. E investimos para trazer mais qualidade no atendimento e no parto, ao mesmo tempo em que adquiríamos novos equipamentos para melhorar o diagnóstico precoce de problemas. Temos ainda onde avançar, mas o resultado apresentado é fruto do trabalho diário e da perseguição de uma meta", afirma o prefeito Fred Guidoni.
Desde 2014, a Prefeitura adotou um protocolo de pré-natal na Atenção Básica. No mínimo são sete consultas de pré-natal. As gestantes também fazem mais exames. São pelo menos três ultrassons durante a gestação, um por trimestre. Foram implantados testes rápidos de HIV, Hepatites e Sífilis. Hoje também é realizado o exame rápido de urina em todas as consultas possibilitando o tratamento imediato quando necessário. Ao todo, são cerca de 24 exames pré-natais, incluindo o controle da pressão arterial. As gestantes saem das consultas com prescrição de vitaminas, ácido fólico (importante para a formação da meninge e coluna cervical do feto) e sulfato ferroso. O programa prevê também atendimento odontológico, social, psicológico e nutricional. As gestantes que faltam às consultas são procuradas pelas agentes de saúde, que também visitam a nova mamãe e o recém-nascido, para acompanhar os primeiros cuidados com os bebês.
A importância do Complexo de Saúde
Mas foi a partir da inauguração do Complexo de Saúde, em Janeiro de 2016, que resultou na instalação no local do Centro de Atenção à Mulher que houve um avanço maior. As gestantes passaram a participar de grupos educativos e as gestações de alto risco um acompanhamento de equipe especializada a partir da 30ª Semana de Gestação. No Centro de Atenção à Mulher também são feitos exames de Cardiotocografia, que avalia o funcionamento do coração do bebê, ainda na barriga da mãe. Hoje a cidade também participa do projeto Bebê à Bordo, com palestras, visitas ao hospital e doação de enxoval para o bebê se necessário.
"Com a abertura do Complexo Municipal de Saúde, ganhamos autonomia para colocar em operação os programas e projetos que interessam à população e focamos na mulher, para assegurar um cuidado maior na gestação e no nascimento, sem esquecer o treinamento contínuo dos profissionais", diz o prefeito.
Humanização
Desde julho de 2013 a Prefeitura realiza trabalhos de educação permanente e humanização na rede municipal de saúde. Hoje os cronogramas mensais de treinamentos, estão vinculados a trabalhos de reflexão sobre o atendimento humanizado, comunicação, atendimento em grupo e compartilhado com visível melhoria, que já aparece na resposta da população.
Vacinação de crianças cumpre a meta
Outro fator que contribui para a queda na taxa de mortalidade infantil é o cumprimento das metas de vacinação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado para a queda na cobertura vacinal em todo o mundo, o que pode permitir o retorno de doenças já erradicadas. No Brasil e na região, cidades estão fazendo busca de pacientes, vacinando em casas, para evitar a volta de doenças. Porém em Campos do Jordão a situação é inversa. Dados da Vigilância Epidemiológica aponta que em Campos do Jordão o número de imunizações não apenas bate todas as metas, como as ultrapassam. Em 2017, os dados do SIPNI - Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações informa que em algumas vacinas, o número de imunizações em Campos do Jordão ultrapassa os 100%.
Para conseguir este número pesa o fato dos bebês já saírem vacinados da maternidade no Complexo de Saúde. Como atendemos na maternidade os municípios de Santo Antonio do Pinhal e São Bento do Sapucaí, o balanço do ano representa que tivermos 104% de cobertura na vacina BCG, 108% na Pneumocóccica e Meningocócica, 98% hepatite B e Pentavalente e 103,9% de Poliomielite.
“Estamos no caminho certo. Investindo na atenção básica, promovendo capacitação e estreitando os laços com a comunidade, seguimos juntos. E vem por aí, outras novidades para o setor”, finaliza o prefeito Fred Guidoni.
O “caminho certo” é referenciado pelo público atendido. O casal Lenícia Aparecida Santos Morais e o seu marido Waldemir Custódio dos Santos Junior estão ansiosos com a chegada do primeiro filho. O menino David deve chegar no início de Agosto. "Estamos muito contentes. Ela está sendo bem atendida. Não temos nada a reclamar, pelo contrário", afirma Waldemir.