Das ruínas à saúde solidária: Imóvel da Rede Ferroviária será restaurado e transformado em farmácia

A não terá custos aos cofres públicos


No coração de Pindamonhangaba, um imóvel abandonado e em ruínas, pertencente à Rede Ferroviária Federal, será restaurado sem custos para os cofres do município e transformado na Farmácia Solidária. Ainda no dia 26 de junho, a secretária de Obras e Planejamento, Marcela Franco discutiu detalhes da obra com os técnicos da FormArte, diretora executiva, Rosana Delellis, arquiteta responsável pela obra, Brunna Heine, e o estagiário, Tomás Vettoraci.O local era conhecido por abrigar a residência oficial dos engenheiros que trabalhavam na antiga RFFSA (Rede Ferroviária Federal), mas tornou-se depósito de lixo e ponto de consumo de drogas com o passar dos anos. E agora, ganhará vida graças ao trabalho que a Prefeitura vem buscando desde 2017.

Com a aprovação da Lei 6.033 de 9 de junho de 2017, criando o programa Farmácia Solidária, o Fundo Social de Solidariedade iniciou um trabalho para viabilizar a implantação de um projeto de distribuição gratuita de medicamentos para a população (veja texto abaixo).

"Tivemos dificuldade de viabilizar um espaço com boa localização, então surgiu a ideia de reformar o imóvel da Rede Ferroviária nos baixos do viaduto. Foi quando descobrimos que o Condephaat tombou o imóvel, que passou a necessitar de um trabalho especializado de restaurado. Em seguida, o imóvel começou a ser vandalizado e logo atearam fogo no telhado", explicou a presidente do Fundo Social de Solidariedade, Claudia Domingues.

Com a malha ferroviária administrada atualmente pela empresa MRS Logística, os imóveis da Rede Ferroviária (Casa do Engenheiro, Armazém e o Escritório da Estação) foram tombados pelo Condephaat em 19 de dezembro de 2017.

Diante deste cenário, a Prefeitura buscou uma empresa especialista na realização de restauros de bens tombados e captação de recursos junto à iniciativa federal. E dessa forma, viabilizou um termo de cooperação sem custos ao município com a empresa FormArte. Após a apresentação do projeto de restauro e readequação do imóvel, o mesmo foi aprovado nos órgãos estadual e municipal. A FormArte também o inscreveu para aprovação no Ministério do Turismo, com o intuito de buscar recursos da iniciativa privada.

"O custo de toda a obra será de R$ 1,3 milhão, já viabilizamos a participação da empresa MRS e da Novelis e estamos buscando novos parceiros para completar a participação. As empresas têm a possibilidade de participar deste empreendimento com seus recursos e depois recuperar o investimento com devolução do imposto de renda", afirmou a diretora executiva da FormArte, Rosana Delellis.

Nova restauração, fachada original

As obras de restauração começam nas próximas semanas e irão devolver a originalidade da fachada preservando assim um patrimônio histórico do município. A casa, localizada na Praça Barão Homem de Melo, nº 28, ocupa uma área de 182m2, com área construída de 125m2.

O trabalho será dividido em três etapas e a primeira dela contemplará medidas de salva guarda do imóvel, limpeza, fechamento dos vãos com placas e início da execução do projeto. A segunda fase terá as obras emergenciais com a cobertura do imóvel e a última etapa contemplará todo o restauro, devendo ser finalizada em 2021.

"Trata-se de um belo projeto que manterá o contexto arquitetônico e após finalizada irá remeter ao conceito de uma boutique farmacêutica como existia no passado com um espaço agradável para uma excelente ação social", afirmou a secretária de Obras e Planejamento, Marcela Franco, que acompanha todo o trabalho.

Para o prefeito Isael Domingues, este trabalho vem coroar todo um caminho seguido em buscas de metas fixadas, que são modernizar e humanizar, preservando a história e o patrimônio. "Estamos alinhando a história e a cultura de Pindamonhangaba com uma ação social, voltada para melhorar a saúde das pessoas", afirmou.

Restauro dos outros imóveis - Dentro deste complexo ferroviário, os outros dois imóveis, o Escritório da Estação (em frente à rua Cel. Fernando Prestes) e o Armazém (localizado na nova praça 7 de Setembro), também estão no planejamento para seguir o mesmo caminho: ser restaurado, ganhar vida e abrigar projetos socias.

Recentemente o Governo do Estado de São Paulo, através do FID (Fundo de Interesses Difusos) já selecionou o projeto de restauro do Armazém do Complexo Ferroviário.

Farmácia social, saúde solidária

A ideia de utilizar o novo espaço restaurado na região central da cidade para implantação de uma Farmácia Solidária é um projeto do Fundo Social de Solidariedade que tem três objetivos: arrecadar medicamentos para atender a população, gerar economia para o município e estimular a solidariedade de pessoas e empresas.

O projeto estará integrado à Secretaria de Assistência Social, Secretaria de Saúde e Vigilância Sanitária. "Além disso temos uma conversa que será retomada com a UniFUNVIC que poderá somar muito em nossa ação", afirmou a presidente do Fundo Social, Claudia Domingues.

Segundo ela, será realizado um trabalho intenso com empresas farmacêuticas, consultórios e representantes deste setor para viabilizar as doações. "A população também poderá ajudar com a entrega de medicamento usado, não vencido, cuja embalagem não esteja violada. Teremos normas para retirada, que será feita mediante apresentação de receita médica", explicou Claudia.

Segundo ela, outro trabalho importante da farmácia será trabalhar com a comunidade um programa sobre a dispensa correta do medicamento vencido.  "Visitamos a farmácia de Ribeirão Preto e pudemos conferir como esse trabalho social ajuda as pessoas, principalmente a população mais carente, que não consegue um remédio que não faça parte da cesta de medicamento do governo".