Longevidade: alimentação japonesa pode ser a chave para viver mais tempo

Japão possui o maior índice de centenários do mundo; estudos apontam que a comida pode ter uma relação com a longevidade dos cidadãos


O Japão tem a maior taxa de longevidade do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e as Nações Unidas (ONU). Em média, cada japonês vive 84,10 anos, e, a cada 100 mil habitantes no país, 48 chegam ou ultrapassam os 100 anos de idade. Com tantos centenários, o país asiático chama a atenção do mundo, que busca entender o porquê da longevidade registrada.

Um dos fatores principais pode ser a alimentação japonesa. Na década de 1990, Walter Willett, pesquisador da área de nutrição, mencionou em um estudo a longevidade japonesa e apontou a razão dos anos a mais para as dietas mediterrâneas. Isso porque o país registra um baixo número de mortes por doenças cardíacas.

Desde então, há muita expectativa em torno dessa alimentação específica. Em outros estudos, notou-se que, mais do que o sushi popularizado mundo afora, existem diversos outros alimentos que podem compor a mesa, como frutos-do-mar, vegetais, soja e produtos relacionados, como molho de soja, arroz e sopa de missô.

Deste modo, a comida japonesa é extremamente vasta. Nos últimos 50 anos, principalmente em relação aos cidadãos que vivem em locais cosmopolitas, os padrões de ingestão de alimentos mudou consideravelmente. Uma pesquisa conduzida por Tsuyoshi Tsuduki, professor associado de alimentos e biociência molecular na Universidade Tohoku, testou as variações de pratos nacionais em 1960, 1975, 1990 e 2005 e alimentou ratos com elas.

O pesquisador notou que os animais alimentados com as comidas de 1975 tiveram menos chances de desenvolver diabetes e doenças hepáticas do que os outros e, consequentemente, poderiam viver mais. Essa alimentação era composta por algas e frutos-do-mar, legumes, frutas e temperos fermentados e outras comidas que ajudavam a impedir o consumo exacerbado de açúcar. 

Em geral, as comidas japonesas envolvem alimentos cozidos com moderação, além de ênfase em legumes e verduras. "A comida japonesa tem benefícios nutricionais balanceados e a dieta da população tem melhorado de acordo com o desenvolvimento econômico ao longo das décadas', afirma Kenji Shibuya, professor do departamento de política global de saúde da Universidade de Tóquio.

Medidas além da alimentação

De acordo com Kenji Shibuya, a alta expectativa de vida registrada atualmente é resultado de diversas mudanças no país, e não apenas da alimentação. Ele destaca principalmente a redução das mortes por acidente vascular cerebral (AVC).

''Isso foi um dos principais impulsionadores do aumento sustentado da longevidade japonesa depois de meados dos anos 1960'', contou o estudioso. ''O controle da pressão arterial melhorou através de campanhas, como a de redução do consumo de sal, e uma maior utilização de tecnologias de custo-benefício para a saúde, como medicamentos anti-hipertensivos com cobertura universal do seguro de saúde.''