Davi x Golias: Como jogos minimalistas e 'indies' estão desbancando franquias milionárias

Com propostas inovadoras, estúdios pequenos desafiam o domínio das grandes desenvolvedoras no mercado global.


O orçamento gasto na criação de um produto pode ser um indicador da sua qualidade? Até pode, mas existem exemplos fortes que argumentam o contrário. Um mercado em que isso é particularmente evidente no momento é o de video-games. Nos últimos tempos, vimos títulos com orçamentos milionários ficando para trás em engajamento e longevidade quando comparados a jogos indie e mobile.

Será que isso significa que o orçamento de um jogo não tem nada a ver com a sua qualidade ou há algo extra escondido nessa história?

Uma coleção de flops: por que um AAA não é mais garantia de sucesso?

Civilization 7. Redfall. Dragon Age: The Veilguard. Esses são apenas alguns exemplos de jogos lançados nos últimos anos que receberam um orçamento enorme para sua produção e eram aguardados com muita expectativa, mas não entregaram resultados comerciais (ou de público) para as desenvolvedoras.

No caso de Civilization 7, por exemplo, em pouco mais de um mês após o seu lançamento, o jogo tinha menos jogadores do que Civilization 6 (o jogo anterior da franquia).

Já Dragon Age: The Veilguard, apesar de ser o novo título de uma franquia popular, não atingiu 50% das metas de vendas da EA, mesmo com um orçamento entre $80 e $150 milhões de dólares.

O desempenho ruim do jogo, aliado com a queda nas vendas de EA FC 26, foi um dos elementos que causaram uma queda de R$35 bilhões na valorização da EA no mercado.

Do outro lado: sucesso do bom, bonito e barato

Recentes casos de sucesso do mercado dos games (em todos os níveis) mostram que um pequeno orçamento não é razão para baixas expectativas. 

Veja o caso de sucessos indie como Sea of Stars, Hollow Knight ou Hades, todos produzidos com um custo irrisório perto de grandes lançamentos. E com um detalhe: todos vendidos a um preço inferior ao de jogos AAA.

Essa é uma tendência que segue outros nichos. No mercado mobile, não é raro ver títulos gratuitos ou mais baratos tendo resultados melhores do que outros, mais caros e com valores de produção maiores.

Até no mercado de iGaming nós temos visto os jogadores preferindo jogos mais acessíveis, com mecânicas mais simples, do que jogos com gráficos de última geração, especialmente com a chegada dos jogos do tipo Crash.

Por exemplo, para um jogador, pode ser interessante fazer uma aposta de 1 real no Aviator, um jogo Crash com gráficos minimalistas 2D e mecânica simples: ele tem um avião desenhado na tela, simulando um voo. Eventualmente, a nave realmente sai voando e a jogada termina.

A jogabilidade é fácil, minimalista e acessível e isso parece ser o que os jogadores querem.

Não é orçamento: é experiência

Pode parecer um paradoxo, mas um jogo com gráficos sofisticados ou recursos maiores não é, necessariamente, melhor para o usuário. O que o jogador quer é uma boa experiência, independentemente de quanto foi gasto no seu orçamento.

Por isso, experiências mais simples podem, sim, ser um grande sucesso, desde que mantenham o principal: a diversão para o usuário.