Em briga de Saci, cada chute é uma voadora

Por que o folclore prega que o saci tem a perna esquerda e não a direita?


Alguém já viu um Saci Pererê? Quem anda pela roça e cidades pequenas desse nosso belo e agradável interior sempre vai encontrar alguém que diz já ter visto um saci, ou pelo menos tem um "causo" pra contar sobre essa entidade fantástica do folclore brasileiro. Com certeza, o sertanejo vai falar do mito do redemoinho e da captura de  um saci por meio de uma peneira e uma garrafa de vidro.

Desde a infância, em algum momento, todos nós tivemos referências sobre esse ser que mora no imaginário popular. No Vale do Paraíba, em localidades como Lagoinha, Paraibuna e principalmente São Luiz do Paraitinga, sempre têm aqueles que juram, de pés juntos, que já viram um sujeitinho de cerca de 50 cm, gorrinho vermelho, pulando em uma só perna.

Os pesquisadores sobre sacis garantem que a perna que ele tem é a esquerda.Mas por que a perna esquerda e não a direita? Partindo do conceito de que tudo o que vem do lado esquerdo se refere ao lado da energia negativa (todos nós temos o positivo e o negativo) os folcloristas consideram que o tal personagem fantástico, se existe, atua nessa vibração.

Certamente, o personagem Saci Pererê é o mais famoso do panteão brasileiros no elenco dos entes sobrenaturais. De assustador a brincalhão, do mal ou apenas da diversão, o saci tem várias faces, assim como diversos nomes dependendo de cada região: saci-cererê, martim pererê, saci-saçurá, ou saci-trique.

Sua origem remonta a cultura de povos indígenas da região Sul do Brasil. Entre os guaranis, havia a história de um ser mágico que podia ficar invisível. É representado desde a época colonial como um garoto indígena de cor morena, pernas defeituosas e que por isso, manquitolava. Sua missão era viver no bosque, protegendo a mata e a flora contra os caçadores e predadores. Seu nome é Cambay, daí surgiu o termo "cambaio" pra todo aquele que é manco.

Ao longo do tempo, porém, o Saci Pererê foi sofrendo transformações em sua concepção desde que o mito começou a se alastrar para as demais regiões do país. Aos poucos, o perfil ganhou contornos de outra etnia e passou a ser associada à cultura Afro-Brasileira.

A luta para preservar as manifestações e tradições populares nesse país de tamanha riqueza e diversidade cultural é inglória contra o mercado que dissemina, cada vez mais, as vitrines decoradas por abóboras iluminadas. Mas o Pererê resiste, aliás, em briga de saci, cada chute é uma voadora.

De qualquer forma, o dia 31 de outubro é dia de Gostosuras ou Travessuras!