O ministro do Supremo Tribunal Federal e Presidente do TSE, Gilmar Mendes, esteve em São José dos Campos nesta segunda-feira (3) para um evento empresarial. O jurista foi convidado para falar sobre a justiça e o desenvolvimento do País, porém não respondeu perguntas sobre o julgamento da chapa Dilma-Temer, que se inicia nesta terça-feira (4). Houve manifestação de sindicalistas na porta do evento.
Durante seu discurso, o ministro falou sobre o papel do judiciário atualmente, considerado por ele protagonista no desenvolvimento do País; a demanda de processos para o judiciário, que gira em torno de 1 milhão atualmente e torna o processo mais lento; além da reforma trabalhista. "Nós temos um direito do trabalho engessado. São 13 milhões de desempregados e com um sistema inflexível. Somos exportadores de empregos, nossas vagas estão indo para lugares como o Paraguai, por causa desse engessamento. A sociedade não fiscalizou o provimento de vagas no âmbito da justiça do trabalho, e o resultado está aí", disse.
Já em coletiva, Mendes falou sobre a reforma política, que acredita só ser possível com mudanças de paradigmas na classe política. "O Brasil está vivendo uma crise política, uma não credibilidade do sistema jurídico como um todo e isso afeta a capacidade decisória do Congresso, com dificuldades de deliberação", enfatizou. "Não é possível fazer democracia sem políticos. Nós precisamos qualificar a classe política, mas vamos estar sempre dependentes deles para essa mediação. Vamos aproveitar os meses até outubro para fazer uma reforma necessária e evitar que a crise se projete em 2018", afirmou.
Manifestação Um grupo de manifestantes realizou um ato em frente ao local do evento. O protesto, organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos, criticou as decisões de Gilmar Mendes que, segundo a entidade, vem atacando os direitos dos trabalhadores e defendendo medidas contra o combate à corrupção, como anistia ao caixa 2 e a proposta de reforma política com eleição em lista fechada, e também protestaram contra o projeto da terceirização irrestrita e as reforma trabalhista e da Previdência. Além também de pedir a cassação da chapa Dilma-Temer.
Julgamento Gilmar Mendes se negou a fazer qualquer comentário sobre o início do julgamento da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral, que começa nesta terça-feira (4) e terá o ministro presidindo a corte. O processo é por abuso de poder político e econômico durante a eleição de 2014.
O julgamento pode se estender por mais tempo que esperado, pois uma das possibilidades, que o ministro julgou bem viável, é que haja um pedido de vista do processo, podendo interromper o julgamento por prazo indefinido. A ação julgada é de autoria do PSDB e foi feita após a derrota do Aécio Neves no segundo turno da eleição. Caso a chapa for condenada, Temer será afastado e será necessária novas eleições.