Entregadores de aplicativo planejam nova paralisação; entenda as reivindicações da categoria

Plataformas de entrega, como Uber Eats, Rappi, iFood e Loggi, são alvos das manifestações


Entregadores que prestam serviços a aplicativos de delivery planejam uma nova paralisação no dia 25 de julho. Após uma série de impasses quanto à nova data, os trabalhadores decidiram unificar todos os grupos que pretendiam organizar frentes no chamado "Breque dos Apps". A primeira onda de protestos aconteceu em 1º de julho e a segunda, no dia 15 do mesmo mês, com paralisações em todo o país.

Entre as principais reivindicações estão uma remuneração mais justa por meio da elevação da taxa mínina de entrega, pagamento adequado, padronização do percentual ganho por quilometragem entre os aplicativos, mais segurança e fim dos sistemas de pontuação, bloqueios e "exclusões indevidas". Os alvos dos protestos são as plataformas de entregas, como Uber Eats, Rappi, iFood e Loggi.

"Antes da pandemia, eu já tinha sofrido o chamado 'bloqueio branco' no iFood e no Rappi, que é quando você fica online e aparece ativo, mas não recebe nenhum pedido. Depois do início da greve, fui bloqueado também na Uber Eats. Hoje trabalho para outras empresas e não mais para essas plataformas. Mas continuo lutando para que a profissão tenha melhores condições", diz Paulo Galo, porta-voz dos Entregadores Antifascistas.

De acordo com os relatos, a situação - que já era precária - foi agravada com a pandemia e com o aumento da demanda. Apenas o Rappi relatou um aumento de 300% nos pedidos desde que o isolamento social começou, além de uma alta de 111% de entregadores cadastrados. O mesmo é visto em outros aplicativos.

Entretanto, mesmo com o aumento de trabalhadores e pedidos nas plataformas, as taxas não foram alteradas. Cerca de 59% dos entregadores passaram a ganhar menos em relação ao período pré-coronavírus, segundo estudo da Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista (Remir), feito por universidades federais e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).

Caso a data seja mantida, será o terceiro ato em um intervalo de 25 dias. Por intermédio do Sindicato dos Mensageiros Motociclistas do Estado de São Paulo (SindimotoSP), depois da primeira paralisação, um pedido de audiência de conciliação foi enviado ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª região (TRT) e marcado para o dia 15, dia em que uma segunda paralisação foi realizada.

"A conciliação só foi possível porque a primeira greve surtiu efeito. A atividade desses profissionais na pandemia se tornou crucial, mas as condições são, muitas vezes, insalubres", afirma Flávia de Oliveira, advogada trabalhista do Stocche Forbes Advogados.

Entrega na pandemia

Enquanto a maioria das pessoas trocou os escritórios pelo home office, os entregadores continuaram expostos ao trabalho presencial. Com mais gente em casa e com os restaurantes fechados para consumo no local, os pedidos em aplicativos de delivery cresceram. Mesmo em meio ao vírus e sua alta taxa de contaminação, são os motoboys que precisam arcar com os custos de higiene redobrada neste período.

Isso já era visto anteriormente, quando todo o material de trabalho vinha dos próprios trabalhadores, como moto, combustível, manutenção do veículo e equipamentos de segurança, que incluem capacetes, roupas para chuva, entre outros.