O verde das hortaliças começou a tomar conta do que antes era só terra batida, numa área de 400 metros quadrados da Penitenciária II de Potim. Em sua quarta colheita, a unidade está sentindo no dia a dia os sabores que o tempo traz para quem aprende sobre o ofício de plantar o próprio alimento.
Construída em maio do ano passado, a horta da unidade prisional emprega hoje 11 reeducandos do regime semiaberto, que foram capacitados por meio de um curso sobre horticultura do Instituto Paula Souza.
As 3 estufas já produzem alface, couve, salsinha, salsa, cebolinha, abóbora, pimentão, repolho, rúcula, abobrinha e espinafre. Da primeira safra, no último mês de dezembro, foram colhidos 250 pés de alface - o suficiente para suprir a necessidade de um dia de alimentação para presos e servidores.
As sementes são custeadas com recursos da própria unidade, que também recebe doações sazonais, inclusive de mudas, tanto do corpo funcional como da Pastoral Carcerária.
Para a construção da horta, o projeto foi concebido e apoiado por diferentes setores, como a Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania que disponibilizou os insumos e os materiais para a obra; e o Grupo Regional de Ações de Trabalho e Educação (Grate) da Coordenadoria das Unidades Prisionais da Região do Vale do Paraíba e Litoral (Corevali), que capacitou reeducandos e servidores para a lida do cultivo de hortaliças.
Desde o início, a horta recebe apoio dos servidores da unidade, que se organizaram para a adequação do espaço físico, otimizando o local que até então não era aproveitado. Hoje, o projeto dispõe de um ASP (Agente de Segurança Penitenciária) com formação em Gestão Ambiental, João Carlos Almeida, que se voluntariou a usar sua expertise para a manutenção do lugar.
Todos os gêneros colhidos são destinados ao abastecimento da cozinha central da unidade, no intuito de complementar a alimentação servida aos reeducandos dos regimes fechado e semiaberto, bem como a servida aos funcionários.
Para o diretor-geral da Penitenciária II de Potim, Gustavo Henrique Costa, o projeto possibilita aos reeducandos mais uma alternativa para o trabalho e ocupação. "Além de contribuir para fins de remição de pena, a horta fomenta a capacitação profissional dos reeducandos para o trabalho com a produção agrícola, incrementa medidas voltadas à reintegração social, através da conjunção de ações de trabalho e educação, impactando no processo de recuperação e na reconstrução de sua identidade como indivíduo e cidadão", explica.