Sandro Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova (Foto : Arquivo Pessoal)Não existe na Bíblia nada que afirme literalmente que Maria nasceu e permaneceu imaculada. No entanto, temos motivos para crer que Maria foi preservada do pecado original e assim viveu por toda a sua vida, inclusive argumentos que vêm da própria Sagrada Escritura.
As palavras do Anjo Gabriel, na anunciação, expressam que Maria era “cheia de graça” (Lc 1,28). Na tradução grega, Nossa Senhora é a única pessoa chamada assim na Bíblia, caracterizando a exclusividade de tal favor divino.
E os nomes de homens e mulheres bíblicos que recebiam uma graça especial ou nova missão, mudavam, como Cefas, que passou a se chamar Pedro, Abrão que se tornou Abraão e Sarai, chamada depois de Sara. No caso do “Cheia de Graça” trata-se de um vocábulo em forma de particípio passivo, no passado, ou seja, que não é a pessoa que faz alguma ação, mas que sofre a ação, desde antes. Portanto, Maria recebeu esse dom porque o Senhor assim o quis privilegiá-la, desde sua concepção.
Também é razoável supormos que ser “cheia de graça” enquanto dádiva vinda de um Deus generosíssimo e grandioso, a ela com tão nobre missão, significa não somente ser repleta, mas ser transbordante dos favores do Senhor, o que seria totalmente provável e indicaria que o termo revelado por Gabriel Arcanjo signifique ser imaculada.
Vemos ainda na Sagrada Escritura o caráter incomum e único de Maria como intercessora nas Bodas de Caná. A intermediação dela não se faz para com Deus Pai diretamente, pois esse é o papel de Jesus. Nossa Senhora, com seu coração de mãe espiritual dos homens e das mulheres, apela para seu filho Jesus, e com muita confiança crê que é Ele, com as outras Pessoas da Santíssima Trindade, que decidirá o melhor para nós.
Nas palavras de Jesus, neste episódio “O que há entre mim e ti?” (Jo 2, 4), Ele adiantou os seus sinais à humanidade a partir de um pedido de Nossa Mãe Rainha.
É a missão de Maria como intercessora que nos foi revelada, pois não é qualquer intercessão, mas a da maior mediadora entre os homens e o Filho de Deus. Um santo da igreja nos explica: “Maria foi destinada para advogada dos pecadores, e daí conveio que Deus a preservasse da culpa, a fim de que não parecesse cúmplice do mesmo delito dos homens, pelos quais deveria interceder” (Santo Afonso Maria de Ligório, Lv. Meditações para todos os dias, pág 432).
Por fim, temos vários outros motivos para acreditar na Imaculada Concepção de Maria, e que ela se manteve assim até o final de sua vida e para toda eternidade. O favor que ela recebeu de Deus é um favor a nós! Acheguemos nossos corações ao dela, que, como mãe, tão humana quanto cada um de nós, quer cuidar de seus filhos, encaminhando nossas orações, necessidades e súplicas ao seu filho Jesus, através de suas mãos doces e puras.
* Sandro Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova, formado em administração de empresas e autor dos livros “As Cinco Fases do Namoro”, “Maria, humana como nós” e “Terço dos homens e a grande missão masculina”, pela Editora Canção Nova.