A Operação Estiagem deste ano chega ao fim com o menor número de focos de incêndio já registrado desde o começo da série histórica, em 1998. Realizada entre os dias 1 de junho e 30 de setembro, a edição deste ano contabilizou 1.008 focos de incêndio em todo o Estado de São Paulo, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, uma redução de 79% se comparado com os 4.884 focos de incêndio registrados no mesmo período de 2021. Já o Painel Geoestatístico dos Incêndios Florestais em Unidades de Conservação e Áreas Protegidas publicado pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, registrou uma queda de 69% na incidência de incêndios nos Parques Florestais do estado de São Paulo.
Durante o período da Operação Estiagem foram registradas 72 ocorrências em Parques Florestais. Já no mesmo período de 2021 ocorreram 234 incêndios. A queda nos números pode ser atribuída a uma série de fatores, dentre os quais se destaca a intensificação das ações preventivas e de comunicação, tanto do setor privado como público, a ação de aparelhamento das Defesas Civis Municipais com investimento de R$ 76 milhões e compra de 478 viaturas entregues para 412 municípios, a implantação de novas ferramentas tecnológicas, bem como a boa distribuição das chuvas nos meses de inverno. "Encerramos a Operação Estiagem de 2022 com o melhor resultado da história.
Quero agradecer a todos os agentes que compõem o Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil pela dedicação e trabalho árduo, graças a todo esse esforço podemos comemorar este ano. Mas sabemos que ainda temos muito trabalho a ser feito", enfatizou o Coronel PM Henguel Ricardo Pereira, Secretário-Chefe da Casa Militar e Coordenador Estadual de Proteção e Defesa Civil.
Os incêndios florestais são considerados uma das maiores ameaças à biodiversidade e conservação ambiental, causam a morte de animais silvestres, prejudicam a vegetação, aumentam a poluição do ar, diminuem a fertilidade do solo e podem acarretar a interrupção do fornecimento de energia elétrica. Estudos apontam que a maior parte dos incêndios florestais é decorrente de ação antrópica - causados pelo homem, de maneira acidental ou intencional -, entre elas, além das queimadas para fins agrícolas, queima de lixo, fogueiras, bitucas de cigarro e soltura de balões.
Incêndios criminosos provenientes da queda de balão, uso irregular do fogo em atividades agropecuárias e o vandalismo estão entre os motivos que mais causam incêndios florestais em São Paulo, segundo dados do Painel Geoestatístico, como o incêndio no Parque Juquery, no município de Franco da Rocha, que consumiu 53% da vegetação do Parque e teve início após a queda de um balão.
Nova ferramenta de monitoramento via satélite
Neste ano, a Defesa Civil testou uma nova ferramenta de monitoramento via satélite, capaz de identificar, em tempo real, áreas de queimadas em todo o território do estado de São Paulo. A nova tecnologia também emite alertas com as áreas que possuam maior probabilidade às queimadas, classificando-as em alerta, alto ou baixo risco à queimada.
O sistema utiliza dados e imagens de quatro satélites diferentes, a inteligência artificial cruza os dados e exibe aos operadores do sistema os focos de incêndio captados pelos equipamentos. Já para mapear as áreas com maior risco a incêndios o sistema utiliza diversas variáveis, como por exemplo: umidade do ar, temperatura, acumulado de chuvas e previsão para os próximos dias, vento e radiação solar. Com esse cálculo é possível estimar o risco dos próximos cinco dias, permitindo, assim, a adoção de medidas preventivas antecipadas para a prevenção às queimadas.
A Operação Estiagem
Para prevenir e combater as queimadas florestais, a Defesa Civil desenvolve anualmente a Operação Estiagem, acompanhando a fase vermelha (mais crítica) da Operação Corta-Fogo, que é desenvolvida pela Secretária de Infraestrutura e Meio Ambiente, com apoio da Defesa Civil do Estado e outras instituições ligadas a Secretária de Segurança Pública, como o Corpo de Bombeiros, Polícia Ambiental e Comando de Aviação da Polícia Militar.
Uma das ações executadas pela Defesa Civil meses antes da Operação são as Oficinas Preparatórias (OPOE), voltadas para o treinamento e capacitação dos agentes municipais. Somente esse ano foram capacitados 1.500 agentes, em 333 cidades do estado, constituindo brigadas de incêndio locais, capazes de combater os focos de incêndio logo no início.
Ao longo da Operação Estiagem a Defesa Civil do Estado também desencadeia planos de contingência, de acordo com as recomendações de órgãos internacionais (de saúde, meteorologia e de Proteção e Defesa Civil), nas regiões mais suscetíveis aos problemas decorrentes da seca, por meio do monitoramento da Umidade Relativa do Ar (URA), pelo nosso Núcleo de Gerenciamento de Emergências, 24 horas por dia. E dependendo das proporções do incêndio, ajuda na contratação de empresas para combate aéreo.