Sindicato alerta clientes da Embraer sobre condições de trabalho na fábrica

Segundo o sindicato, o envio do alerta foi motivado, principalmente, pelo fato de a Embraer se recusar a renovar, desde 2018, os direitos trabalhistas previstos na convenção coletiva


O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região - SindmetalSJC deu início  nesta quarta-feira (11) ao envio de comunicado a clientes da Embraer para denunciar redução de direitos trabalhistas na fábrica. Segundo a entidade, o objetivo é alertar essas empresas sobre as condições em que os aviões da Embraer estão sendo fabricados.

A carta elaborada pelo SindmetalSJC  já foi enviada para as seguintes companhias parceiras da Embraer:  Aeromexico, Air Canada, Air Astana (Cazaquistão), Air Dolomiti (Itália), Globalia (Espanha), Airlink (África do Sul), Ast Financial (Estados Unidos) e Air TKT (Brasil).

Segundo o sindicato, o envio do alerta foi motivado, principalmente, pelo fato de a Embraer se recusar a renovar, desde 2018, os direitos trabalhistas previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) do setor aeronáutico. Os dirigentes sindicais alegam que, há meses, tentam diálogo com o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, para tratar das condições de trabalho na fábrica, mas não obtiveram retorno.

O SindmetalSJC pontuou que essa recusa levou ao fim da estabilidade no emprego para trabalhadores que se machucam ou adoecem em razão da atividade desenvolvida na fábrica. Na Embraer, diz a entidade, centenas de trabalhadores da produção são submetidos a condições de insalubridade em razão de exposição a ambientes com produtos químicos.

Os trabalhadores também estão sem aumento real de salário desde 2014. Na carta, o Sindicato relata: "Hoje é um fato que trabalhadores da Embraer estão ocupando seu tempo de descanso para atuar como motoristas de aplicativos. Esta é uma situação de risco, já que esses funcionários estão indo para a fábrica sem o descanso necessário para que produzam os aviões."

Além disso, diz a denúncia, sem a assinatura da CCT, está liberada a terceirização da produção na fábrica, o que pode levar à demissão de funcionários diretos para contratação de terceiros (com salários e direitos reduzidos).

Na carta enviada aos clientes, o Sindicato dá a seguinte dimensão do fato: "Este é um fato grave para uma fabricante de aviões que é responsável pela segurança em voo de milhares de pessoas. Esta mesma empresa expõe os seus trabalhadores à pressão constante e assédio moral coletivo".

"Queremos que os clientes da Embraer saibam o que acontece dentro da fábrica. Com a venda para a Boeing, esta situação pode piorar ainda mais, considerando-se o longo histórico de demissões em massa e assédio da gigante norte-americana. Como Sindicato, temos o papel de defender os direitos dos trabalhadores", afirma o diretor do Sindicato, Herbert Claros.

O outro ladoEm nota enviada para a Redação pela assessoria, a Embraer se posicionou dizendo:  

A Embraer repudia veementemente a campanha de difamação e propagação de boatos infundados realizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos.

 É importante ressaltar que a Embraer não somente cumpre como também excede a legislação trabalhista brasileira. Além disso, a Embraer mantém todos os benefícios e políticas de remuneração em vigor, sem alterações.

 Como em outros anos, antecipando-se à possibilidade de persistir o impasse nas negociações entre FIESP e Sindicatos, e com o objetivo de assegurar clima de tranquilidade aos seus funcionários até a conclusão do processo, a Embraer adotou por liberalidade a efetuação de reajustes salariais, que esse ano foi de 100% do INPC do período.