Turistas agridem verbalmente guarda-vidas em Ubatuba

Desrespeito às orientações dos profissionais pode ser considerado crime.


Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, tem registrado uma série de episódios de agressões verbais contra guarda-vidas durante a atual temporada. Os profissionais, responsáveis por orientar banhistas sobre as condições do mar, relatam aumento na hostilidade, frequentemente agravada pelo consumo de álcool. Além de colocar vidas em risco, o comportamento pode caracterizar crimes como desacato e desobediência, previstos no Código Penal.

Hostilidade crescente nas praias

O que deveria ser um ambiente de lazer tem se transformado em cenário de conflitos. Guarda-vidas relatam que xingamentos, afrontas e desrespeito às orientações tornaram-se rotina. Mesmo diante de bandeiras vermelhas ou avisos diretos, muitos turistas insistem em permanecer em áreas perigosas.

Os profissionais afirmam que discussões e episódios de agressividade se repetem ao longo da temporada, especialmente quando há consumo de bebidas alcoólicas. Relatos de usuários nas redes sociais também apontam aumento de brigas, xingamentos e negligência às regras básicas de segurança.

Protocolos ignorados

Os guarda-vidas seguem protocolos rigorosos, que incluem uso de apitos, gestos e pedidos verbais para que banhistas deixem áreas de risco, como locais com correnteza e pedras submersas. As bandeiras de sinalização são atualizadas conforme as condições do mar, vermelha (risco alto), amarela (atenção) e verde (condições favoráveis).

Essas orientações são a principal ferramenta de prevenção de afogamentos. Ignorá-las aumenta não apenas o risco para o banhista, mas também para os profissionais, que precisam intervir em situações de maior perigo.

Álcool como fator agravante

Segundo os guarda-vidas, o consumo de álcool é um dos principais motivadores de condutas agressivas e imprudentes. A embriaguez reduz a percepção de risco e estimula reações hostis a orientações de segurança. Banhistas alcoolizados tendem a subestimar os perigos do mar e a desafiar a autoridade dos profissionais.

Implicações legais

A agressão verbal ou a recusa em obedecer a orientações pode configurar crime. O Código Penal prevê:

  • Desacato (Art. 331) - desacatar funcionário público no exercício da função; pena de seis meses a dois anos de detenção ou multa.

  • Desobediência (Art. 330) - descumprir ordem legal de funcionário público; pena de 15 dias a seis meses de detenção e multa.

Dependendo da conduta, outros crimes também podem ser aplicados, como ameaça, lesão corporal ou perturbação do sossego.

Impacto na segurança e no turismo

A hostilidade direcionada aos guarda-vidas gera sobrecarga nos serviços de salvamento e aumenta o risco de acidentes. Conflitos nas praias também prejudicam o clima de lazer, afetam moradores e turistas e impactam a imagem da cidade como destino seguro.

Para os profissionais, o desgaste emocional e a sensação de desvalorização têm sido constantes.

Medidas e conscientização

Para reduzir os conflitos, campanhas educativas têm sido reforçadas, assim como a presença policial nas praias. A orientação é que guarda-vidas registrem boletins de ocorrência sempre que forem vítimas de ameaças ou agressões.

Também há discussões sobre restringir o consumo de álcool em áreas específicas do litoral durante a alta temporada.

Responsabilidade de todos

Especialistas reforçam que a segurança nas praias é uma responsabilidade coletiva. Respeitar as sinalizações, seguir as orientações dos guarda-vidas e evitar entrar no mar após consumir álcool são atitudes essenciais para prevenir acidentes.

O trabalho dos profissionais de salvamento é voltado exclusivamente à proteção da vida. O respeito às suas orientações é fundamental para que a temporada seja segura e tranquila para todos.