Beth Carvalho deixa legado de autoridade à Música Popular Brasileira

No Brasil, a música não anda lá com muita credibilidade e a partida de Beth Carvalho deixa uma lacuna imensa


Elisabeth Santos Leal de Carvalho começou na Bossa NovaElisabeth Santos Leal de Carvalho começou na Bossa Nova (Foto : Site da Artista)A Música Popular Brasileira perdeu uma de suas personalidades mais emblemáticas. Morreu nesta terça-feira (30) no Rio e Janeiro no Rio de Janeiro a sambista e cantora, considerada a "Madrinha do Samba", Beth Carvalho. Ainda não foi revelada a causa da morte, mas ela estava internada há mais de três meses no Hospital Pró-Cardíaco na zona sul, em Botafogo.

Elisabeth Santos Leal de Carvalho nasceu em 5 de maio de 1946, filha de um advogado piauiense. Desde criança, ouvia os grandes cantores nacionais e pegou paixão pelas cordas. Chegou até a dar aulas de violão e cavaco. A cantora e compositora iniciou carreira na Bossa Nova e se enveredou pelo ambiente do samba.

Em 1966, ficou conhecida em todo o país ao conquistar o 3º lugar no Festival Internacional da Canção com a música "Andanças". Irrequieta e atenta, nunca esperou que a novidade viesse à sua porta, pelo contrário, Beth Carvalho garimpava, buscava talentos, inovações para modernizar seus trabalhos.

Casou-se em 1979 com o ex-atleta de futebol Édson de Souza Barbosa que teve passagens pelo São Paulo, Corinthians e Palmeiras. Dois anos depois, nasceu Luana Leal de Carvalho Barbosa, sua primeira e única filha. Mais tarde, separou-se do marido e casou-se outras vezes.

Em sua busca por novidades, Beth Carvalho foi parar certo dia em um samba de comunidade onde amigos se reuniam. Era a década de 80 e uma turma animada reunia no bloco Cacique de Ramos os então desconhecidos Jorge Aragão, Almir Guineto, Zeca Pagodinho, Grupo Fundo de Quintal, Sombra, Sombrinha e outros tantos.

Notabilizou-se então como a diva dos terreiros, rainha das rodas de pagodeiros e, principalmente "Madrinha do Samba", por ter dado visibilidade aos novos amigos do Cacique de Ramos. Beth Carvalho presenteou o samba e a música brasileira com uma aura de autoridade, de responsabilidade com a cultura e poesia que habita as ruas.

Já cantou com o pé engessado, em cadeira de rodas e, há um ano, se apresentou deitada em uma cama e cantando ao lado do grupo Fundo de Quintal.

Mangueirense e torcedora do alvinegro da estrela solitária, Beth Carvalho foi velada na quarta-feira (1º) no Salão Nobre da sede do Botafogo, time do coração. Seu corpo foi cremado às 16h no crematório do Caju.