As epidemias de dengue afetam grande parte das cidades do país. Para buscar mais informações sobre a manutenção do vírus em Taubaté, uma equipe da Universidade de Taubaté (UNITAU) desenvolveu uma pesquisa científica. O grupo buscou entender a forma de transmissão do vírus da dengue por meio da via transovariana, ou seja, da mosquito-fêmea para a prole.
Durante oito meses, estudantes da UNITAU distribuíram trinta armadilhas para a coleta de larvas. O projeto contou com a parceria de estudantes da Escola Jardim das Nações. “Colocamos as armadilhas na Escola Jardim das Nações, no Campus do Bom Conselho, onde fica o Departamento de Biologia, e no Departamento de Odontologia, que fica no centro da cidade”, comenta a Profa. Dra. Sheila Cavalca Cortelli, docente da UNITAU que orientou o trabalho e, atualmente, Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação.
“Esses locais apresentam alto fluxo populacional e de alta densidade lavrária, cerca de oito vezes acima da situação de tranquilidade proposta pelo Programa Nacional de Controle de Dengue, do Ministério da Saúde”, comenta Alexsander de Moraes, ex-aluno de Ciências Biológicas e um dos autores do trabalho.
A coleta das larvas aconteceu semanalmente, entre os meses de março e outubro, e foram analisados 910 espécimes. Utilizando-se da Biologia Molecular, ou seja, da comparação das sequências genéticas, a equipe descartou a possibilidade da transmissão da fêmea para a prole. “Suspeitávamos que a transmissão transovariana pudesse ser a responsável pela manutenção do vírus, mas ela não foi confirmada”, comenta Alexsander.
“Se acontecesse essa transmissão vertical, da fêmea para a prole, dificilmente essas medidas preventivas mais comuns a que estamos acostumados nem sempre seriam efetivas”, afirma a Profa. Dra. Sheila, orientadora do trabalho.
Com a pesquisa finalizada, Alexsander escreveu um artigo científico que foi publicado na revista Canadian Journal of Microbiology. “Todo esse trabalho contribuiu para a minha aprovação em primeiro lugar no processo seletivo para o Mestrado em Imunologia Básica Aplicada, na USP de Ribeirão Preto”, complementa Alexsander.
Para os estudantes do Colégio Jardim das Nações, o desenvolvimento da pesquisa possibilitou o contato com laboratórios de Parasitologia e de Biologia Molecular da UNITAU e eles também puderam aprender mais sobre metodologia científica.
O trabalho foi apresentado no Colégio e foi o vencedor da atividade de Projetos. “Foram 150 trabalhos inscritos e essa pesquisa ficou entre as 12 selecionadas. Os alunos puderam desenvolvê-la ao longo do ano e tiveram contato com todas as etapas de desenvolvimento de um projeto. O principal objetivo foi desenvolver autonomia do estudante frente aos desafios de realizar um trabalho de pesquisa”, afirma Maria Isabel Alvarenga Guimarães, professora de Biologia e coordenadora de vestibular do Colégio.
“Esse treinamento de um ano repercutiu positivamente. Cinco alunos que participaram dessa pesquisa aprovaram trabalhos no ano seguinte. Essa é a missão da ciência, produzir conhecimento e compartilhá-lo com a sociedade”, finaliza a profa. Sheila.