Comitê Olímpico quer que Olimpíadas de Tóquio sejam um marco para a igualdade de gênero

Mesmo com dificuldades devido a pandemia as Olímpiadas de Tóquio começam no fim do mês de julho.


Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 começam no fim de julho em meio a um momento de mobilização intensa pela igualdade de gênero, inclusive no esporte. A cerimônia de abertura das Olimpíadas está marcada para o dia 23. No último Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, o Comitê Organizador Tóquio 2020 divulgou que as mulheres representarão 49% do total de atletas que devem participar dos Jogos, o que significa, praticamente, uma paridade entre homens e mulheres. Na edição anterior, sediada pelo Rio de Janeiro, a participação feminina não esteve muito abaixo da paridade: 45% do total de atletas que competiram na Rio 2016 eram mulheres.

O COI (Comitê Olímpico Internacional) pretende que Tóquio 2020 destine a mesma visibilidade para eventos masculinos e femininos. Para a entidade que governa os Jogos Olímpicos, esta edição representa um marco para a igualdade de gênero no esporte. No apostagolos.com, é possível dar palpites e acompanhar a evolução das atletas brasileiras na competição

"O COI está comprometido com a igualdade de gênero em todas as áreas, desde os atletas que competem dentro e fora de campo até os papéis de liderança nas organizações esportivas. Faltando quatro meses para os Jogos Olímpicos de Tóquio, o Movimento Olímpico está se preparando para um novo marco em seus esforços para criar um mundo esportivo com igualdade de gênero", afirmou o presidente do COI, Thomas Bach, em março.

Já nos Jogos Paraolímpicos, que começam em 24 de agosto, as mulheres devem representar 40,5% do total de atletas.

A primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, realizada em 1896 em Atenas, permitiu apenas a participação de homens. A edição seguinte, Paris 1900, contou com participação feminina, mas as mulheres eram apenas 22 do total de 997 atletas.

A próxima edição dos Jogos, Paris 2024, deve ter exatamente o mesmo número de vagas para mulheres e homens. Isso já havia acontecido nos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires 2018, com 2.006 vagas para cada lado.

Mesmo com dificuldades devido a pandemia as Olímpiadas de Tóquio começam no fim do mês de julho Mesmo com dificuldades devido a pandemia as Olímpiadas de Tóquio começam no fim do mês de julho (Foto : Unsplash)

Histórias de mulheres brasileiras no esporte

A primeira mulher a integrar uma delegação olímpica brasileira foi a nadadora Maria Lenk, que competiu pela primeira vez nos Jogos de Los Angeles 1932, quando tinha apenas 17 anos. Nas Olimpíadas seguintes, Berlim 1936, um grupo maior de mulheres integrou a delegação do Brasil, e Lenk estava entre elas.

Lenk continuou evoluindo nos anos seguintes e era uma promessa para as Olimpíadas de 1940. Porém, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, o evento foi cancelado - assim como as Olimpíadas de 1944. Lenk, no entanto, manteve o hábito da natação até se tornar idosa. Ela morreu aos 92, em 2007.

Em 1941, durante a guerra, o então ditador Getúlio Vargas decidiu proibir que as mulheres brasileiras praticassem uma série de esportes. "Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o CND [Conselho Nacional de Desportos] baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país", determinava o Decreto-Lei 3.199. O decreto cobria esportes como futebol, baseball, halterofilismo, rugby, polo aquático e lutas.

Na primeira vez em que Tóquio sediou as Olimpíadas, em 1964, a delegação brasileira incluiu apenas uma mulher: Aída dos Santos, que competiu no salto em altura. Ela ficou em quarto lugar, o melhor desempenho de mulheres brasileiras em Olimpíadas até então.

Para isso, Aída, de origem humilde, enfrentou uma série de percalços. O pai não queria que ela competisse, ela precisou que a fornecedora de material esportivo que lhe doasse uma sapatilha e disputou a eliminatória com o pé torcido.

Aída tem, hoje, 84 anos. Ela criou um instituto para promover a inclusão social por meio do atletismo e do vôlei. É mãe da jogadora de vôlei Valeskinha.

Outro episódio de grande importância para o esporte feminino do Brasil foi a conquista do Mundial de Basquete de 1994. A seleção histórica contava com Hortência, Magic Paula e Janneth. Até então, a seleção feminina recebia pouca atenção da confederação brasileira. Mas o Brasil obteve uma improvável vitória sobre os EUA na semifinal e conquistou o título na final contra a China.

Dois anos depois, nos Jogos Olímpicos de Atlanta 1996, o Brasil ganhou suas primeiras medalhas olímpicas femininas: ouro e prata no vôlei de praia, bronze no basquete e bronze no vôlei de quadra. A dupla campeã no vôlei de praia, Jacqueline e Sandra, fez história.

Foi apenas em Londres 2012 que todas as modalidades disputadas nos Jogos Olímpicos de Verão passaram a incluir homens e mulheres. Na época, o boxe era a única modalidade que possuía só competições masculinas.