Suzano amplia eficiência e registra primeiro lucro na operação americana

Companhia reduz custos, fortalece integração de ativos nos EUA e mantém lucro mesmo com queda nos preços globais da celulose.


A Suzano encerrou o terceiro trimestre de 2025 consolidando avanços em eficiência operacional e celebrando um marco estratégico: o primeiro resultado positivo de sua operação nos Estados Unidos. Mesmo diante de um cenário global de preços pressionados, a companhia registrou ganhos de produtividade e redução de custos, reforçando sua posição entre os maiores e mais competitivos produtores de celulose do mundo.

Expansão e integração de ativos

Entre julho e setembro, a Suzano comercializou 3,6 milhões de toneladas de celulose e papéis ? um aumento de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior. O desempenho reflete dois movimentos centrais: o impacto pleno da nova fábrica de Ribas do Rio Pardo (MS), inaugurada em 2024, e a incorporação dos ativos de papel cartão adquiridos da americana Pactiv Evergreen, que deram origem à Suzano Packaging.

Com capacidade anual de 2,55 milhões de toneladas, a unidade de Ribas do Rio Pardo é considerada uma das mais eficientes do setor e tem contribuído para reduzir o custo médio de produção. Já a operação norte-americana marca a entrada da Suzano no competitivo mercado de embalagens de papel cartão, voltado principalmente aos segmentos de alimentos e bebidas.

Custo de produção em queda e competitividade global

O custo caixa de produção da celulose que considera despesas com insumos, energia e mão de obra caiu 7% no trimestre, atingindo R$ 801 por tonelada (excluídas as paradas programadas). O indicador reforça os ganhos de escala e eficiência obtidos com a nova planta no Mato Grosso do Sul, mantendo a Suzano entre as empresas mais competitivas do mundo, ao lado de UPM (Finlândia) e CMPC (Chile).

Receita estável e margens pressionadas

A receita líquida somou R$ 12,2 bilhões, praticamente estável em relação a 2024. O EBITDA ajustado, porém, recuou 20%, para R$ 5,2 bilhões, refletindo a queda nas cotações internacionais da celulose e o câmbio menos favorável às exportações. Ainda assim, o lucro líquido foi positivo, atingindo R$ 2 bilhões no trimestre.

Suzano Packaging alcança primeiro EBITDA positivo

Nos Estados Unidos, a Suzano Packaging registrou pela primeira vez EBITDA ajustado positivo, resultado visto como um passo importante na diversificação de portfólio e na consolidação da presença internacional da companhia. A recuperação da rentabilidade dos ativos adquiridos sinaliza sucesso na integração operacional e na adaptação ao modelo de gestão eficiente da empresa.

Estrutura financeira sólida

A Suzano encerrou o trimestre com alavancagem financeira de 3,3 vezes (relação entre dívida líquida e EBITDA ajustado em dólares), nível considerado controlável diante dos investimentos recentes. O caixa de US$ 6,5 bilhões garante liquidez e segurança para enfrentar a volatilidade dos mercados globais.

Segundo o presidente da Suzano, Beto Abreu, a prioridade da gestão é seguir ampliando a competitividade e reduzindo o endividamento:

"Mesmo diante de condições desafiadoras, continuamos a melhorar nossa eficiência e mantemos forte geração de caixa, impulsionada pela nova fábrica de Ribas do Rio Pardo."

O executivo também destacou o avanço da joint venture com a Kimberly-Clark, que combinará operações de papel tissue na América Latina, ampliando a atuação da empresa no segmento de produtos de consumo.

Desafios e perspectivas

O setor global de celulose segue pressionado por excesso de oferta e demanda moderada, especialmente na China, principal mercado consumidor. Analistas projetam que uma retomada mais firme na Ásia será essencial para a recuperação dos preços internacionais.

A estratégia da Suzano para os próximos trimestres passa por três eixos:

  • Maximizar eficiência e sinergias operacionais;

  • Diversificar receitas, com a consolidação da Suzano Packaging e a joint venture na América Latina;

  • Reduzir gradualmente o endividamento após o ciclo recente de expansão.

Pontos de atenção

Positivos:

  • Eficiência crescente da unidade de Ribas do Rio Pardo

  • Recuperação da rentabilidade nos EUA

  • Geração de caixa robusta

  • Caixa forte para enfrentar volatilidades

Desafios:

  • Preços internacionais ainda deprimidos

  • Câmbio menos favorável às exportações

  • Necessidade de desalavancagem gradual

  • Consolidação total das operações americanas

Com foco em competitividade, diversificação e disciplina financeira, a Suzano busca manter sua liderança global e atravessar o atual ciclo de mercado com resiliência e crescimento sustentável.