Cientistas brasileiros desenvolvem tecnologia que pode reconhecer a Covid-19 através do som da tosse

Tecnologia a favor da humanidade


Para o ouvido humano, quase todos os tipos de tosse são parecidos, sendo praticamente impossível identificar alguma doença apenas escutando alguém tossir. Porém, quando as ondas sonoras emitidas pela tosse são analisadas minuciosamente através de computadores, esta situação muda de figura.

Partindo dessa premissa, pesquisadores brasileiros pretendem criar uma plataforma que identifica o coronavírus analisando estas ondas.

A pesquisa acontece no Instituto Butantan e na Fundação Oswaldo Cruz, em parceria com a empresa Intel, uma das maiores fabricantes de componentes eletrônicos do planeta, com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e com a Universidade de São Paulo.

A ideia principal é criar um banco de sons de tosse, tanto de pessoas saudáveis, como de pacientes da Covid-19, para que a inteligência artificial dos computadores possa analisar as gravações e encontrar pequenas diferenças que permitam classificar a tosse como sendo ou não consequência do coronavírus.

Outras doenças pulmonares também entrarão na ferramenta. Na primeira etapa, serão analisados 900 gravações, sendo 300 de pessoas saudáveis, 300 de pacientes da Covid-19 e 300 de pessoas com doenças distintas.

Apesar de a Covid-19 não afetar apenas o sistema respiratório, a tosse é um dos sintomas mais recorrentes.

Caso a inteligência artificial se demonstre eficiente para analisar as diferenças nos sons, o objetivo dos cientistas é lançar uma plataforma virtual, permitindo que qualquer pessoa grave e envie o som da própria tosse, recebendo imediatamente uma análise.

Dessa maneira, seria possível identificar a presença do coronavírus sem sair de casa, favorecendo o isolamento dos pacientes.

Além de analisar o som da tosse, a ideia é que a ferramenta também conte com a aplicação de um questionário sobre sintomas, dando mais respaldo ao apoio no diagnóstico. 

É importante reforçar que não será um diagnóstico definitivo, mas um bom indicativo de que a pessoa precisa se manter em isolamento, de modo preventivo.

O jornalista e especialista em tecnologia do site MAGODATECNOLOGIA, Fernando Flores, lembra que, apesar de ser novidade na área da saúde, o uso de algoritmos reconhecedores de voz já é constante em equipamentos eletrônicos.

Em alguns aparelhos, a liberação de funções só acontece após a inteligência artificial reconhecer que as ondas sonoras correspondem às do dono do equipamento, garantindo maior segurança e privacidade.

Portanto, pode ser uma questão de tempo para que essa tecnologia se torne eficaz para diagnósticos clínicos simples.

Para auxiliar na coleta de gravações e ampliar o banco de dados da pesquisa, qualquer pessoa pode enviar a própria tosse. Para isso, basta entrar no site oficial do experimento, o SoundCov, e ser maior de 18 anos.

Depois, é necessário escanear o código com a câmera do celular, responder um questionário de saúde e gravar a tosse por um período de 30 a 60 segundos.