No fim de 2019, a China enviou um alerta à Organização Mundial da Saúde (OMS) relatando o surgimento de uma pneumonia que ainda não tinha uma causa conhecida. No mês seguinte, diversas cidades do país enfrentavam uma quarentena e a misteriosa doença recebeu um nome, novo Coronavírus ou COVID-19. O vírus espalhou-se pelo mundo e em pouco tempo se tornou uma pandemia.
A doença está deixando todos preocupados e ansiosos, isso não é novidade para ninguém, mas em meio ao caos, qual o risco real e cuidados necessários a serem tomados com as grávidas, recém-nascidos e as mães que acabaram de ter seus filhos?
As mulheres que durante tanto tempo planejaram por meses ou em alguns casos até mesmo anos para a chegada do bebê e quando estão perto de realizar esse sonho, explode uma grande pandemia, isolamento social, mídia anunciando mortes diariamente, doença contagiosa sem tratamento. Um fator que não pode ser esquecido é que essa fase da mulher por si só já é um momento mais delicado, em que naturalmente as mulheres ficam mais sensíveis.
A gestação pode fragilizar a imunidade das mulheres pela sobrecarga que o organismo materno está exposto nos nove meses gestacionais, associada às alterações fisiológicas que esse mesmo organismo sofre, não raramente vemos que nos tornamos mais suscetíveis a processos inflamatórios e infecciosos nesse período. Porém, a boa notícia é que esse rebaixamento leve da imunidade não aumenta o risco da gestante de se contaminar pelo Coronavírus e desenvolvendo formas graves da doença.
O risco da grávida é igual a de outra mulher da mesma faixa etária não gestante. Entretanto, sabemos que a presença de doenças crônicas como problemas respiratórios, hipertensão arterial, Diabetes Mellitus e cardiopatias aumentam os riscos de agravar a covid-19.
Ainda temos poucos estudos relevantes sobre o real impacto do Coronavírus no ciclo gravídico puerperal, mas o que podemos ver até o momento é que na maioria dos casos a mulher apresenta sintomas leves e não houve ainda confirmação da transmissão vertical para os bebês. Até o momento não houve associação de aumento de casos de abortamentos ou malformações fetais por mães contaminadas com a doença. Todavia, é importante salientar que todo processo inflamatório-infeccioso que ocorre na gestação, em especial no último trimestre, pode acelerar o Trabalho de Parto Prematuro e, por enquanto, é o maior risco que a doença pode estar relacionada no binômio mamãe-bebê, a prematuridade.
Outra situação que vem gerando muitas dúvidas é em relação às consultas pré-natal e a realização de exames específicos desse período em tempos de isolamento social e recomendações de ficar em casa, mas o cuidado nessa fase é essencial para saber como está a saúde do bebê e da mãe. Cuidados adicionais devem ser tomados durante as consultas, tanto pelos médicos e serviços de saúde como pelas pacientes, evitando a presença de acompanhantes quando possível, reduzindo tempo de espera, espaçando os horários de atendimento e realizando medidas corretas de higiene.
Em relação ao parto, as gestantes assintomáticas ou sem a doença precisam estar bem esclarecidas que a pandemia não deve acelerar o período da gestação e nem determinar o tipo de parto que será realizado. Para a gestante contaminada e com sintomas, assim que entrar em trabalho de parto, terá que ser acompanhada com alguns cuidados específicos: permanecer em quarto isolado, com máscara facial, com monitorização contínua dos sinais vitais e da vitalidade do bebê. Em caso de insuficiência respiratória materna o parto poderá ser abreviado, o melhor tipo de parto deverá ser escolhido pela equipe médica. É importante ressaltar que as futuras mamães podem realizar os principais exames para diagnóstico de covid-19, incluindo raio-x e tomografia computadorizada, também podem receber os principais medicamentos utilizados hoje em dia ao tratamento sintomático da doença.
Para finalizar, é necessário falar sobre a amamentação. Sabemos que o leite materno é alimento único e essencial para os bebês e não deve ser suspenso nos casos de lactentes positivas para Coronavírus. Caso a mãe esteja sintomática, ela deve amamentar respeitando todos os cuidados de higiene possíveis, usando máscara durante todo o processo, se a mãe apresentar formas graves da doença e precisar de internação em UTI, o aleitamento não precisa ser bloqueado e pode ser retomado após sua alta hospitalar. Por mais ansiedade e preocupação que esse momento gere, é necessário manter a calma e acolher a futura mãe, para que torne esse momento mais tranquilo para a chegada do bebê.