Saneamento básico pode diminuir número de doenças intestinais por vermes

Devido à falta de saneamento básico, parasitoses e verminoses persistem no Brasil, mas investimento em pesquisas e estratégias pode reverter esse cenário


Em certo ponto da vida, é bem provável que você, ou algum conhecido, tenha sido diagnosticado com verminoses e parasitoses intestinais. Essa situação é bastante comum, especialmente durante a infância, por conta da maior distração com os cuidados higiênicos dos pequenos, mas esses não são os únicos fatores que contribuem com a transmissão.

A contaminação ocorre, principalmente, por meio da ingestão de água e alimentos mal higienizados, ou pela penetração de vermes ou protozoários em pequenos ferimentos na pele. Além disso, os locais com pouca ou nenhuma infraestrutura para saneamento básico, como regiões periféricas, áreas rurais remotas, entre outras, são os mais propícios para a proliferação. 

De acordo com os dados do estudo Saneamento e Doenças de Veiculação Hídrica, disponibilizados pelo Instituto Trata Brasil para a Agência Brasil, em 2019, cerca de 35 milhões de pessoas viviam em locais que não tinham acesso à água tratada e outras 100 milhões não podiam contar com a coleta de esgoto

Essa realidade enfrentada dia após dia por muitos brasileiros é o que aumenta as chances de transmissão e contágio das parasitoses intestinais e verminoses, que são classificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doenças negligenciadas, ou seja, que persistem devido à falta de investimento público para a diminuição da pobreza ou da desigualdade social.

Dentre os sintomas das doenças causadas por helmintos, estão anemia, dores abdominais, falta de apetite, náuseas, perda de peso, problemas respiratórios, vômitos e, em casos ainda mais graves, podem chegar a um comprometimento cerebral. Os riscos são grandes e demonstram a importância das pesquisas para uma análise do atual cenário. 

O investimento em estudos, medicamentos e estratégias de controle das parasitoses ainda não está no patamar ideal, mas é fundamental para que os profissionais ou estudantes de biomedicina EAD ou presencial consigam entender causas, efeitos e fatores ambientais que podem provocar essas doenças.

O Inquérito Nacional de Parasitoses, desenvolvido em 2018 pelo Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), assim como o estudo publicado em agosto deste ano pela Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, foram fundamentais para a compreensão do atual cenário brasileiro e podem render bons resultados para o futuro.

Levantamentos anteriores ajudaram no desenvolvimento e na aplicação de medidas de controle do Programa Especial de Controle de Esquistossomose, criado em 1975. Desde então, foi possível observar uma diminuição das formas graves de parasitoses e verminoses, bem como do número de mortes no Brasil

Que esse exemplo de sucesso seja levado como inspiração para o investimento público não apenas na ciência, como também na ampliação do saneamento básico e nas políticas públicas para a redução da pobreza.