Saúde mental na pandemia: como a ansiedade e o estresse aumentaram os casos de bruxismo

Estudos científicos constataram uma alta considerável nos diagnósticos de bruxismo desde o início da pandemia


Falar de saúde mental tem sido cada vez mais necessário, principalmente depois da declaração da pandemia de COVID-19. O isolamento social, as incertezas econômicas e sociais e o medo constante de se infectar, sem dúvidas, afetaram e afetam a saúde emocional dos brasileiros. Não é novidade, porém, que o acúmulo de tensão e a desestabilização emocional afetam diretamente a saúde física das pessoas, podendo inclusive interferir nos relacionamentos e no cotidiano, agravando a situação. Alguns sintomas físicos causados por ansiedade e estresse são dores de cabeça constantes, dores musculares e problemas bucais - cáries, bruxismo e quebra de dentes.

Segundo estudo feito pelos pesquisadores de pós-graduação em Odontologia e Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), o número de pessoas que passaram a ranger os dentes durante a noite passou de 8% a 28% somente durante o período da pandemia. Já o bruxismo "em vigília", que ocorre quando a pessoa já está acordada, dobrou de 6% para 12%. O estudo considerou 50 alunos matriculados na universidade para a análise. Um outro estudo em parceria com pesquisadores da Polônia e de Israel também constatou resultados parecidos: com cerca de dois mil voluntários, o artigo publicado no Journal of Clinical Medicine mostrou que o bruxismo aumentou consideravelmente durante a pandemia. 

A relação entre bruxismo e problemas emocionais já é conhecida, visto que os pesquisadores e profissionais formados na faculdade de Odontologia realizam estudos científicos de ponta e com frequência para acompanhar a relação. Isso acontece porque, com os músculos tensionados, a mandíbula não consegue relaxar - a ansiedade e o estresse evitam que a pessoa tenha um sono mais profundo, ativando os movimentos da mandíbula para aumentar a passagem de ar em uma frequência anormal. Da mesma maneira, o bruxismo em vigília ocorre como uma descarga emocional. Ao longo do tempo, essas microlesões vão se expandindo e gerando problemas mais graves, como fratura dos dentes ou ainda o aparecimento de cáries. 

Alguns sintomas frequentes de quem tem bruxismo, mas ainda não foi diagnosticado, são dores de cabeça, dores no maxilar, dificuldade para abrir ou fechar a boca e fraturas odontológicas. Se o paciente tiver outros problemas, como apneia do sono ou refluxo gastroesofágico, os cuidados redobram, pois são condições que propiciam o bruxismo com mais facilidade. Por isso, é muito importante fazer um acompanhamento médico e odontológico completo para tratar todos os problemas de saúde e evitar o desenvolvimento de bruxismo e outras doenças.