Brasil continua apresentando alta no número de fechamento de empresas em 2023

A tendência que vem sendo seguida desde o 4º trimestre de 2021 não tem sinal de melhora


Mesmo com uma aparente melhora na economia, os seis primeiros meses de 2023 registraram o fechamento de 427.934 empresas de micro, pequeno, médio e grande porte no Brasil. Esses dados são do levantamento feito e cedido ao G1 pela Contabilizei, com base nos registros do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da Receita Federal.

É importante frisar que o estudo não levou em consideração os Microempreendedores Individuais (MEIs). De toda forma, isso ainda representa um saldo negativo entre empresas abertas e fechadas no país dentro do período estudado.

Contestação do governo federal

Porém esses dados foram contestados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). De acordo com os cálculos realizados através de levantamento próprio, foi identificado um saldo positivo de 212.654 empresas não-MEI durante o mesmo período do estudo.

Mesmo com essa controvérsia entre levantamentos, o fechamento de empresas tem sido cada vez mais frequente do que as aberturas desde o 4º trimestre de 2021. Dentro do período, foram identificados o encerramento de 2,83 milhões de negócios, enquanto 2,08 milhões foram abertos.

Isso mudou durante 2023?

Segundo o Mapa de Empresas, divulgado pelo governo federal, no primeiro quadrimestre de 2023, durante esse período, 736.977 empresas fecharam suas portas. Comparando com o último quadrimestre de 2022, esse número representa um aumento de 34,3%.

Também foi registrada a abertura de 1.331.940 empresas, gerando um saldo positivo de 594.963 negócios iniciando suas atividades. Com isso, 21.020.285 estão ativas dentro do território nacional. 

Porém, dentro deste número, 93,7% são micro ou pequenas empresas, sendo que grande parte delas apresenta uma taxa de falência em até cinco anos, segundo o Sebrae, o que acaba não sendo algo muito bom.

Cenário nada animador para a indústria brasileira

Voltando ao estudo realizado pela Contabilizei, a indústria brasileira, mesmo sendo a que menos participa da coleta de dados, proporcionalmente, é a que apresenta os resultados mais preocupantes.

O setor apresentou um fechamento três vezes maior do que o 2º trimestre de 2023. Dentro do período, ocorreram 7.810 aberturas, enquanto 25.151 solicitaram recuperação judicial, que é quando a empresa está em processo de falência.

Esses números só acompanham a tendência negativa que o setor vem tendo desde o 3º trimestre de 2021, e que ainda não tem perspectiva de acabar.

Comércio e Serviços

Já a tendência de queda em Comércio e Serviços começou um pouco depois, no 3º trimestre de 2021, mas só passou a apresentar resultados negativos no 4º trimestre de 2022.

De toda forma, dentro do setor foi identificado o fechamento de 129.515 empresas, contra 61.685 aberturas no 2º trimestre de 2023. Isso simboliza que, para cada abertura, dois negócios fecharam.

Reações no mercado de trabalho

Em todo esse cenário de fechamentos, as micro e pequenas empresas foram responsáveis por criar aproximadamente 710 mil vagas de trabalho no primeiro semestre de 2023. O número corresponde a 70% do total de vagas com carteira assinada geradas dentro do período, segundo levantamento realizado pelo Sebrae.

Entretanto, de acordo com uma pesquisa do G1, os pedidos de seguro-desemprego em junho chegaram a quase 7 milhões dentro de uma janela de 12 meses. Esse número é o maior registrado desde o meio da pandemia de Covid-19 e ultrapassa a média registrada entre 2018 e 2019.