No dia 18 de março de 1967, um tromba d'água provocou gigantesco deslizamento de terras nas encostas da Serra do Mar e causou a morte de centenas de pessoas
Em Caraguatatuba, uma solenidade para lembrar o Cinquentenário da Catástrofe de 1967 está programada para sexta-feira (17). O evento é uma promoção da Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba - Fundacc e Prefeitura. Na oportunidade, serão agraciados heróis, sobreviventes e instituições que ajudaram no socorro às vítimas naquele fatídico dia.
Entre os que serão homenageados estão médicos como Keiiti Nakamura e José Bourabeby, ex-prefeitos como Geraldo Nogueira da Silva (Boneca) que era o administrador na época, e Sidney Trombini, moradores anônimos como Vera Lúcia Rodrigues, Ivan Micheletto Rossi, Benedita Pinto Correia, além de instituições como Defesa Civil do Estado, Casa de Saúde Stella Maris, Cúria Diocesana e Delegacia da Capitania dos Portos.
Os homenageados receberão a “Comenda Thomaz Camanis Filho”, radioamador que fez a comunicação (S.O.S) sobre a tragédia que ocorria na cidade. O solenidade terá início às 19h, no Macc (Museu de Arte e Cultura).
A tragédia - Chovia desde o dia 16 de março de 1967 em todo o Litoral Norte. Na tarde do dia 18, por volta das 15h, uma tromba d’água viria então a causar uma das maiores catástrofes naturais que se tem notícia em toda a atual Região Metropolitana do Vale do Paraíba: a serra desabou sobre a cidade litorânea.
O primeiro bairro a sofrer as consequências foi o Rio do Ouro, que fica às margens da rodovia dos Tamoios, encravado em uma espécie de reentrância da Serra do Mar. Testemunhas dizem que viram quando começou a descer aquele bólido de barro misturado com árvores, pessoas, cães, cavalos, pedras, paredes e telhados.
As fortes chuvas impactaram as encostas da serra e suas nascentes e a montanha veio abaixo. Parte da rodovia dos Tamoios também desabou. Carros e ônibus ficaram presos e ninguém poderia sair e nem entrar em Caraguatatuba. A lama desceu pelo Rio santo Antonio - que nasce na serra e desagua no mar - e deixou desabrigada cerca de 3 mil pessoas. A cidade de então contava com 15 mil habitantes e praticamente desapareceu sob a lama.
A notícia chegou à capital paulista, de onde informações desencontradas da imprensa sensacionalista levantou inclusive a hipótese da ocorrência de um abalo sísmico em toda a serra, com epicentro em São Luiz do Paraitinga.
Para os sobreviventes em Caraguatatuba, o auxílio só poderia mesmo vir pelo ar, por meio dos militares, e por mar, pelo porto de Santos. Também tomada pela avalanche assassina, a rodovia Rio-Santos permaneceu vários dias interrompida e a comunicação da cidade com suas vizinhas do Litoral Norte ficou impraticável.
Números oficiais indicam que 436 pessoas perderam a vida nesse trágico acontecimento, mas há quem diga que houve o dobro de mortes. Muitas pessoas foram sepultadas como indigentes devido à perda de documentos, enquanto muitos outros desapareceram no mar.
Ainda nos dias atuais, no bairro Rio do Ouro, uma grande e envelhecida árvore chama a atenção de quem passa, para que todos saibam da catástrofe de 50 anos atrás. Até mais que isso, a árvore revela a força de uma cidade que soube se recuperar e hoje é a Capital do Litoral Norte.