Entregadores ganham mais importância durante isolamento social

A quarentena colocou os profissionais que trabalham por meio de aplicativos em pauta


Se antes os entregadores de aplicativos já precisavam estar a postos em todos os momentos - inclusive, Sol, chuva e madrugada -, agora, em meio à pandemia, não é diferente. O distanciamento social, recomendado pela Organização Mundial de Saúde e adotado pelos governadores dos estados brasileiros, aumentou o número de pedidos por delivery em 74%, de acordo com a Associação Paulista de Supermercados.

Em um levantamento realizado pela OnYou, empresa de cliente oculto, 43% dos entrevistados afirmaram usar os serviços de entregas de uma a três vezes por semana, enquanto 33% recebem mercadorias de quatro a seis vezes no mesmo período. Dos participantes, apenas 7% ainda não havia utilizado o delivery.

Para garantir a segurança dos trabalhadores e consumidores nesse processo, uma série de medidas devem ser tomadas, como sempre lavar as mãos com água e sabão e passar álcool em gel 70% antes e depois de ter contato com produtos e clientes. Os motociclistas também precisam higienizar os equipamentos de segurança, como capacete agv, botas e jaquetas, além da própria moto.

Especialistas afirmam que esses insumos e EPI's devem ser disponibilizados pela empresa prestadora de serviços, sejam aplicativos, corporativas ou empresas de entregas. "Esses profissionais estão sendo muito mais expostos do que o restante da população. Eles assumem esse risco, porque têm conta para pagar em casa. Mais gente deve entrar na plataforma", afirma Bárbara Castro, socióloga e professora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Há algumas iniciativas propostas pelos aplicativos, como a opção de "entrega sem contato físico", em que o consumidor e o entregador combinam um local para que os produtos sejam deixados, que é usado por 63% dos entrevistados, segundo a pesquisa da OnYou. Cada aplicativo criou um fundo de apoio aos trabalhadores que não puderem realizar as entregas no período por ser do grupo de risco ou estar doentes.

Entre as demais medidas adotadas para tentar diminuir o contágio está o pagamento via aplicativo, para que não seja necessário encostar na máquina ou prolongar o contato, com 70% das preferências dos consumidores. Em seguida, aparecem o uso de máscaras (49%) e álcool em gel (47%). Entre os estabelecimentos que mais recebem pedidos de delivery estão: restaurantes (89%), farmácias (32%), supermercados (29%), bares e lojas de bebidas (14%) e pet shop (10%).

Em entrevista ao portal de notícias "GaúchaZH", Ana Paula de Moraes, que é gestora em uma cooperativa que reúne 400 motoboys autônomos, explica que com o distanciamento social as entregas se estendem também a outros tipos de comércios, que não são atendidos pelos aplicativos convencionais. Assim, lojas de tecnologia e roupas que estão vendendo pela internet também podem contratar serviços de entregas, por exemplo. 

"O pessoal está, realmente, com muito medo. Principalmente, os mais idosos. Eles preferem manter uma distância. E, às vezes, não querem nem pegar a sacola. Deixam uma bacia ou um plástico no chão para largarmos a sacola. Muitos estão preferindo o pagamento online, para evitar dinheiro ou máquina de cartão", afirma.