Um levantamento realizado entre os dias 18 e 21 de abril revelou que 71% defendem regras mais rígidas pelo isolamento social para o combate ao Covid-19 (coronavírus). A pesquisa foi realizada pela agência Demanda Pesquisa, Desenvolvimento e Marketing, especializada em pesquisa de mercado e opinião pública para mais de 800 empresas e entidades governamentais do Brasil e do mundo. A equipe de pesquisadores entrevistou 1045 pessoas de todo o país.
Os resultados identificaram os níveis de preocupação, de atitudes tomadas para prevenção e de informação acerca da pandemia O estudo tem nível de confiabilidade de 95% e margem de erro de 3%. Trata-se de uma segunda edição que ainda compara esse reflexo no comportamento da população após mais de 30 dias de isolamento à primeira onda, um monitoramento que foi realizado no final de março, no início da quarentena no Brasil.
"Uma das armas contra a pandemia do coronavírus é a informação, por isso dedicamos nossa expertise em análise de informação e mapeamento de tendências para entendermos o verdadeiro impacto do coronavírus na vida das pessoas. Dessa forma, a Demanda pretende dar sua parte de contribuição ao país em um momento que exige união de todos", explica Gabriela Prado, diretora executiva da Demanda Pesquisa, Desenvolvimento e Marketing.
Um dos principais destaques é que 36% dos entrevistados acreditam que as medidas tomadas para o isolamento social são rigorosas, porém adequadas, enquanto outros 35% acreditam que poderiam ser ainda mais rigorosas do que já são.
"Os números nos mostram um total de 71% das pessoas alinhadas no sentido de que as medidas de isolamento devem ser mesmo duras, contudo, é um dado que não se traduz no comportamento real, já que dia a dia vemos a adesão ao isolamento cair. Isso sugere dificuldade em incorporar na prática uma ideia conceitual. Ou, ainda, pode ser uma falta de compreensão sobre o que é ou não é rigoroso em termos de mudança de comportamento social", conclui a diretora da agência.
Colapso na saúde, desemprego e recessão são as três maiores preocupações
O que mais preocupa os brasileiros após mais de 30 dias de quarentena são os mesmos temas, contudo, citados por uma parcela maior dos entrevistados. Em primeiro lugar, o que ainda mais aflige é colapso no sistema brasileiro de saúde, mencionado por 59% dos entrevistados (7 pontos percentuais acima do registrado no início do isolamento).
"O que deve justificar o aumento da preocupação com os hospitais, que vem à frente e crescendo, é a exposição na mídia de regiões em que o sistema de saúde já está perto da lotação e enfrentando grande dificuldade em atender à demanda de doentes", destaca Gabriela.
Em segundo lugar, há o temor pelo aumento do desemprego, com 55% (5 pontos percentuais acima da primeira sondagem), seguido de uma eventual recessão econômica, com 45% (um crescimento mais tímido de apenas 2 p.p.), e a falta de leitos de UTI, que subiu uma posição com 39% (subindo 8 p.p.). Em contrapartida, a quebra de empresas caiu duas posições e tem preocupado menos pessoas, com 31% (uma queda brusca de 10 p.p.). E o que mais apresentou diferença entre o monitoramento do início e após 30 dias de quarentena foi a preocupação com o aumento da pobreza, que no final de abril era de 39% (23 p.p. a mais em relação à primeira pesquisa).
Quando os grupos são separados por faixa etária, os mais jovens e as mulheres são os grupos que apresentam a maior preocupação com os impactos na saúde. 73% das pessoas até 29 anos se preocupam com o colapso no sistema de saúde, 14 p.p. acima da média geral. Entre as mulheres, o percentual das que temem esse colapso é de 64%, contra 53% entre os homens.
O público acima dos 40 anos tende a se preocupar mais com questões que envolvem economia e negócios. O grupo acima dos 50 anos, com 59% e 4 p.p. acima da média é quem mais se preocupa com o aumento do desemprego, enquanto o grupo entre 40 e 49 anos, com 53% e 8 p.p. acima da média são os que mais se preocupam com uma recessão econômica.
De qualquer forma, independentemente das variações por perfil de público, o nível de preocupação do brasileiro começou alto e continua praticamente estável. E, ainda, repete-se agora o que foi constatado na primeira edição da pesquisa: as pessoas têm maior medo de contaminar alguém do que serem elas próprias contaminadas.
Estimulados a dar uma nota de zero a dez quanto a essas preocupações, a média é 8,4 quanto ao medo de ser o responsável por contaminar outras pessoas, e 7,8 quanto à preocupação de contaminar a si mesmos.