Embora pesquisa desenvolvida pelo Laboratório de Investigação de Sistemas Socioambientais do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostre que Taubaté está preparada para o combate ao coronavírus, ela lança um alerta para os riscos de ações isoladas em uma região altamente conectada como a RMVale.
O estudo, denominado Desafios para o Enfrentamento da covid-19 na Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, foi divulgado no dia 1º de maio. "O agente infeccioso desta pandemia é um vírus. O vírus, assim como a vida, não fica contido nos limites administrativos de nossos municípios. No Vale do Paraíba, nós vivemos em nossas cidades mas vivemos também, em uma das 74 regiões metropolitanas do Brasil. E a escala metropolitana não vem sendo evidenciada nas abordagens para o desenho das estratégia de enfrentamento à covid-19", informa trecho da pesquisa.
São três eixos avaliados pelos pesquisadores: o Índice de Vulnerabilidade Metropolitana à covid-19 (IVM COVID-19), o grau de conectividade para os municípios e um Modelo Epidemiológico para estimativa da probabilidade de chegada e instalação de transmissão sustentada da doença.
São elencados ainda ativos para os municípios e regiões, considerando a estrutura de saúde, econômica e percentual de população dependente do SUS, por exemplo.
Considerações
A pesquisa avalia que Taubaté apresenta condição de vulnerabilidade mais baixa quando comparada aos outros 38 municípios da região.
Por outro lado, Taubaté apresenta conexões com 29 outros municípios, com destaque para São José dos Campos, São Paulo e Campinas. Estes são centros com transmissão sustentada instalada. O modelo epidemiológico indica que a probabilidade de chegada e instalação da transmissão sustentada de coronavírus a Taubaté é de 1, ou seja, é certo que chegará.
Caso Taubaté se encontrasse isolado, sua capacidade de resposta emergência sanitária seria alta, por apresentar maior acesso a todos os ativos do sistema de saúde considerados - leitos, SAMU, respiradores, médicos e menor percentual de população dependente exclusivamente do SUS. No entanto, o cenário real aponta para conexões com municípios, dentro e fora da RMVale.
Taubaté tem em sua rede de conexões vários municípios que possuem uma capacidade de resposta muito menor, pois estes municípios não dispõem do mesmo conjunto de ativos necessário para o enfrentamento ao coronavírus, como Natividade da Serra, Lagoinha, Redenção da Serra, Tremembé e Santo Antônio do Pinhal.
Os pesquisadores avaliam ainda que um pacto regional que, por um tempo, garantisse uma redução desse fluxo intermunicipal em 80% associado a medidas de isolamento social, traria uma possibilidade de atrasar a chegada e instalação do coronavírus por mais 27 dias.
A medida ajudaria a achatar sua própria curva com este ganho. Além disso, como Taubaté tem centralidade nestas conexões, o município poderia ajudar a diminuir a intensidade do espalhamento para rede de municípios que estão conectados a ele. O tempo ganho é necessário, não só para preparar Taubaté, mas para preparar, principalmente quem está em uma situação bem mais desfavorável em relação aos seus Ativos para fazer o enfrentamento da epidemia.
A pesquisa pode ser acessada pelo link clicando aqui.